A juíza substituta da Vara Criminal de Cambé, Ana Paula Bekcer, julgou improcedente a denúncia formulada pelo Ministério Público contra William Pereira Soares, 29 anos, um dos acusados de mandar executar o agente penitenciário Kevin de Souza, na época com 21 anos, perto das 19h30 do dia 15 de junho de 2015 na rua Mateus Leme, Jardim Novo Bandeirantes, em Cambé. Segundo a Polícia Civil, Soares, que seria integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), recebeu ordens de superiores, ainda não identificados, para assassinar dois agentes paranaenses. O objetivo seria "gerar temor e insegurança aos servidores públicos e à sociedade."
Dois dias depois do crime, Soares, que é conhecido no meio policial como "Irmão Davi" ou "Pintcharles", foi detido em Arapongas, onde nasceu. Na época, o então delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Sebastião Ramos disse que o rapaz teve a preventiva decretada por ter feito várias ameaças contra agentes enquanto esteve encarcerado na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 1) e também na PEL 2, desta vez cumprindo pena por assalto.
De acordo com o MP, a morte de Kevin foi motivada depois que Soares recebeu a notícia de que poderia ser excluído do PCC caso não planejasse o homicídio. Foi então que ele convocou Guilherme Bertha Alves de Miranda, considerado como autor dos disparos. Este estava em um nível inferior à Soares na hierarquia do PCC. A denúncia foi recebida em 30 de junho de 2015. Enquanto a acusação arrolou onze testemunhas, a defesa apresentou seis. Os réus foram interrogados.
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Apesar das provas produzidas pela Polícia Civil, o Ministério Público quis que o Grupo de Operações Especiais (GOE) repassasse os registros e informações colhidos a respeito do caso. Um dos advogados de defesa requereu a realização de perícia em um dos celulares apreendidos. A intenção foi comprovar a exata localização do acusado no dia em que Kevin foi assassinado. A Justiça deferiu parcialmente o pedido, permitindo apenas a averiguação quanto a propriedade dos aparelhos.
Tendo como base o artigo 414 do Código Penal, o MP, pela falta de indícios suficientes que incriminassem Soares, pediu que a Justiça excluísse a responsabilidade dele na morte do agente penitenciário. A solicitação foi acatada. Durante interrogatório, o acusado disse que "nunca viu Guilherme" e "hoje não é mais faccionado ao PCC, atuando na parte financeira". Soares afirmou que, ao deixar a cadeia em 1º de abril de 2015, "estava trabalhando, e por isso não teria motivo para matar ninguém".
"Eu fazia bico em serviço de carga e descarga de caminhão. Trabalhei como servente. Conhecia o Kevin, já que fiquei preso no mesmo presídio onde ele trabalhava (PEL 2). Nunca me fez mal. Nem sei porque a polícia ligou a morte dele comimgo", disse à Justiça. Antes de ser preso em Arapongas, ele respondia em liberdade por um homicídio, no qual havia sido condenado a 16 anos. A aparente inocência de Soares foi rechaçada por dois agentes que eram colegas de Kevin. Um deles registrou boletim de ocorrência porque o acusado proferiu diversas ameaças de morte.
Ele acredita que o colega foi morto porque era o mais tranquilo e não andava armado. "Não arranjava confusão com ninguém", comentou ao prestar depoimento. Outro profissional lotado na PEL 2 e amigo de Kevin contou que "ouviu rumores de que Soares queria matar agente penitenciário, mas que não sabia quem". O integrante do PCC "era inescrupoloso, tanto dentro como froa da penitenciária. Sempre se intitulava como da facção criminosa, despachando ameaças contra agentes".
Os investigadores ouvidos apenas confirmara que participaram da prisão de Soares e que ele teria sido o mandante da morte de Kevin. Com a decisão, o rapaz deverá deixar a Casa de Custódia de Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba) nos próximos dias.