A Polícia Civil de Londrina deteve, nesta terça-feira (19), um maior e um menor de idade acusados de terem participado de uma emboscada articulada por uma mulher e seu amante para assassinar o marido dela. A tentativa de homicídio foi levada a cabo na madrugada do último domingo (17), em uma estrada secundária na zona rural da cidade, quase em Tamarana. O alvo, no entanto, conseguiu escapar após ser baleado. Tanto a esposa quanto o outro suspeito foram presos durante a manhã de domingo, na casa em que a mulher vivia com a vítima e a filha de três anos, fruto do matrimônio que já durava oito.
De acordo com o delegado-titular do 3º Distrito Policial (DP) de Londrina, William Douglas Soares, o crime vinha sendo planejado por Emília da Silva, de 26 anos, e Valnei Francisco e Silva há algum tempo. Incumbido de organizar a emboscada, Francisco contratou Samuel Pereira dos Santos, de 27, e um adolescente de 17.
No dia do crime, Emília inventou um motivo para fazer seu marido, Márcio Henrique da Silva, acompanhá-la à casa de sua mãe, que mora em um sítio na zona rural de Londrina. Ao tomar uma estrada secundária entre a meia-noite e a 1h do domingo, o casal foi abordado por Francisco e seus dois comparsas, que retiraram Silva do carro e o levaram para as proximidades de uma ribanceira.
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No local, os suspeitos obrigaram a vítima a ficar de joelhos, se posicionaram às suas costas e usaram uma pistola de brinquedo adaptada com ferrolho e carregada com munição calibre 22 para desferir um tiro. O disparo falhou. Na sequência, eles atiraram mais uma vez, acertando a região da clavícula direita de Silva. Após a tentativa, o quarteto se separou: Emília levou Francisco para sua casa no carro do casal, enquanto Santos e o menor tomaram o sentido de Lerroville.
Mesmo baleada, a vítima conseguiu rolar pela ribanceira e andou por aproximadamente quatro horas até encontrar um sítio. Os donos da propriedade rural acionaram o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar (PM). Silva foi levado ao Hospital Universitário (HU), onde segue internado sem risco de morte. A mobilidade de seu braço direito, no entanto, pode estar comprometida permanentemente. Segundo os médicos, apenas em seis meses será possível avaliar se o membro tem condições de recuperação.
Com as informações repassadas pelo marido durante o atendimento do Siate, a PM localizou, ainda naquela manhã, Emília e Francisco. Ambos foram presos e encaminhados ao Centro Integrado de Triagem (CIT) do 4º DP. Os dois comparsas que participaram do crime foram localizados por investigadores do 3º DP na manhã desta terça (19), em Tamarana.
Esposa nega
Ouvido nesta terça pelo delegado William Douglas Soares, Francisco disse que pretendia "apenas dar um susto" em Silva, sem intenção de matá-lo. A versão é corroborada por Santos. Ambos seguem presos no 4º DP.
Já o adolescente admite ter sido contratado para "dar um sumiço" na vítima. Ele também confessou ter sido o autor do disparo que atingiu Silva. Após o interrogatório, o menor foi encaminhado à Delegacia do Adolescente. Ele e Santos também vão responder por porte ilegal de arma.
Emília nega que tenha pedido ao amante que articulasse o homicídio de seu marido. Segundo a acusada, a ideia partiu de Francisco e foi prontamente refutada por ela. Detida no 3º DP até a tarde desta terça, ela conseguiu um alvará de soltura na audiência de custódia na Vara de Execuções Penais (VEP) e poderá responder ao inquérito em liberdade, com o uso de uma tornozeleira de monitoramento.
Ouvido por Soares no HU, Silva disse não ter visto o rosto de quem desferiu o disparo.