Laudo pericial técnico emitido pela Polícia Científica do Paraná culminou na prisão de Raphael Suss Marques, 32 anos, na noite de sexta-feira (25), acusado pelo homicídio da namorado Renata Mikoszewski de Muggiati. A fisiculturista foi encontrada morta no Centro de Curitiba, no último dia 12, após uma queda do prédio onde morava.
Para a equipe de investigação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, ele é suspeito de simular o suicídio da namorada. Marques está preso temporariamente, pelo período de 30 dias, enquanto novas diligências policiais terão seguimento, assim como exames complementares da Polícia Científica. Ele foi transferido na manhã deste sábado (26) para o Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
"A prisão é somente mais um passo na investigação, que ainda não terminou. Outros laudos periciais serão concluídos. Essa prisão dará início a novos interrogatórios e a novos fatores a serem analisados. A equipe de investigação está plenamente coordenada com nossa equipe pericial da Polícia Científica, focados na técnica e que vão permitir chegar à plena elucidação desse crime bárbaro", afirmou o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita.
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Esse primeiro laudo pericial emitido indica lesões no pulmão, no coração e nos ossos do pescoço, que apontam que ela teria sofrido asfixia mecânica (provocada por uma ação externa) antes de vir a falecer. "O laudo indica que ela sofreu um processo de asfixia que teria durado de um minuto e meio a cinco minutos. Ela tem lesões inclusive no coração, que indicam que essa asfixia foi um processo longo e agonizante e resultou em um estado que a conduziria à morte, caso ela não fosse reanimada", acrescentou o secretário.
EXAME
De acordo com o diretor do IML, Carlos Alberto Peixoto Baptista, essa lesão não poderia ter acontecido durante a queda. "Se isso tivesse ocorrido, haveria outras características. Não haveria lesões sanguíneas dessa natureza no pulmão e no coração", disse ele.
"Uma constrição externa no pescoço foi constatada por exames anatopatológicos, nos quais o perito retira uma peça óssea do pescoço, que é o osso hióide, nesse caso. A amostra foi remetida ao laboratório de Anatomia Patológica e o exame microscópico comprovou a fratura do osso e a existência de sangue adjacente à fratura, o que diz que isso ocorreu quando a vítima ainda estava viva", explicou Peixoto.
O diretor do IML acrescenta que esse resultado é provocado por um aperto no pescoço e que, na análise médico-forense, quando a vítima sofre uma asfixia, há um declínio da quantidade de oxigênio no sangue da pessoa, que fica desacordada e precisa ser reanimada. "Agora a investigação é que vai nos apontar se foi com a mão, que classificamos como esganadura, ou se foi com outro instrumento, como uma corda ou um lençol (estrangulamento)".
INVESTIGAÇÃO
A delegada Ana Cláudia Machado, da 1ª Delegacia de Homicídios da DHPP, responsável pela investigação do caso, vai ouvir outras testemunhas nos próximos dias. "As investigações ainda não terminaram, temos muito trabalho pela frente, mas tudo indica para o homicídio por quem estava com ela no apartamento", respondeu.
A polícia também vai analisar as redes sociais, celulares e computadores do casal, bem como imagens de câmeras de segurança e os medicamentos que eram usados pela vítima.
A mudança no comportamento da Renata, de uma pessoa alegre, ativa, para um estado de isolamento e depressão, informado à polícia por amigos da vítima, chamou a atenção da equipe policial. "Vamos investigar a mensagem de suicídio que foi postada em uma rede social dela, porque em muitos depoimentos amigos falaram que o estilo da escrita não corresponderia ao estilo da vítima", apontou a delegada.
Antes da prisão, o companheiro de Renata já havia sido ouvido, alegando que ela estava em depressão e fazia tratamento psiquiátrico. Ele falou para a polícia que ela tentou se jogar pela janela do apartamento onde moravam juntos, três vezes, duas nas quais ele teria conseguido intervir; e na terceira ele alegou que não deu tempo de impedi-la. No local do ocorrido, o Instituto de Identificação do Paraná (IIPR) colheu impressões digitais para perícia.
Relatos de pessoas que conheciam o casal dão conta que Renata tinha um relacionamento conturbado com o companheiro. Foi constatado que a Polícia Militar atendeu uma ocorrência envolvendo o casal, no feriado de Sete de Setembro. Ela também entrou em contato com um advogado solicitando auxílio.
A Delegacia de Repressão à Saúde (Decrisa) auxilia a DHPP para os fatores técnicos relacionados aos medicamentos que a Renata estava ingerindo. Esses produtos serão analisados para saber se a medicação é adequada, bem como se a dosagem corresponde às normas estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A prisão temporária de Marques pode ser prorrogada. Ele poderá ser indiciado pelo crime de homicídio qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão.