Polícia

Petista foi morto por motivo torpe, conclui polícia

15 jul 2022 às 16:48

A Polícia Civil do Paraná anunciou nesta sexta-feira (15) a conclusão do inquérito que investigou em menos de uma semana o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho. De acordo com a polícia, o crime ocorrido no último sábado (9) em Foz do Iguaçu teve motivo torpe e, tecnicamente, não será enquadrado como crime de ódio, político ou contra o estado democrático de direito, por falta de elementos para isso.


A polícia diz que tudo começou sim em uma provocação do bolsonarista seguida de discussão por questões política e ideológica. Mas que, para enquadrá-lo como um crime político, seriam necessários requisitos para isso, como o de tentar impedir ou dificultar outra pessoa de exercer direitos políticos.


Jorge foi indiciado por homicídio duplamente qualificado. Ele invadiu a festa de 50 anos de Marcelo, que tinha o PT como tema, e o matou —o bolsonarista acabou baleado pelo petista e segue internado em estado grave. Segundo a polícia, na tarde de sábado, Jorge estava em um churrasco regado a bebidas e lá ficou sabendo da festa temática do PT e, diante disso, decidiu agir —um outro convidado do churrasco era funcionário do clube no qual Marcelo havia alugado o salão de festa e, por isso, tinha acesso às câmeras de segurança.


Esse funcionário visualizou as imagens do salão em meio ao churrasco, como rotina, segundo a polícia, e foi nesse momento, em meio a uma roda de amigos, que o bolsonarista ficou sabendo da festa temática do PT - a polícia diz não ver nenhum crime por parte desse funcionário. Segundo testemunhas, Marcelo e Jorge não se conheciam, e Jorge inicialmente invadiu o local da festa gritando palavras de ordem a favor de Bolsonaro e contra o PT e Lula.


Jorge estava em seu carro, com a esposa e uma criança no banco traseiro. Em meio a suas provocações, como mostram as imagens, Marcelo enche a mão com um punho de terra e pequenas pedras de um jardim na entrada do salão e o atira em direção ao carro de Jorge, que promete voltar e deixa o local.


Jorge então retorna minutos depois, agora armado e sem a esposa e a criança. O único foco dele era Marcelo, por causa da discussão anterior. Jorge atira primeiro, o que levou a polícia a descartar legítima defesa. Ele efetuou quatro disparos, sendo que dois atingiram Marcelo, que revidou com dez disparos, sendo que quatro deles atingiram o bolsonarista.


Em resumo, segundo a polícia, Jorge foi inicialmente ao salão para provocar os participantes da festa por causa do tema político do aniversário. Mas, durante as discussões, passou a ter Marcelo como seu único foco. E que teria cometido o assassinato por impulso, após discussão, e não de forma premeditada.


"Chegamos à conclusão que vamos indiciar o agente penal pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas no local, que poderiam ter sido atingidas pelos disparos", afirmou a delegada Camila Cecconello, chefe da investigação.


Marcelo era tesoureiro do PT municipal. No partido havia mais de dez anos, ele concorreu a vereador e a vice-prefeito pela sigla em eleições recentes.

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