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Em dois anos

Polícia prende quadrilha que fraudava documentos para imigrantes sírios

Agência Estado
15 dez 2015 às 20:04

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A Polícia Civil identificou uma quadrilha que transformou ao menos 72 sírios em brasileiros natos entre 2012 e 2014. O grupo criminoso conseguia a expedição de certidão de nascimento, carteira de identidade, título de eleitor e passaporte para os imigrantes. A investigação, que durou oito meses, foi revelada na segunda-feira, 14, pelo "Jornal Nacional", da TV Globo.

A Delegacia de Defraudações da Polícia Civil apurou que o esquema fraudulento tinha a participação de um funcionário e de um ex-funcionário de um cartório de registros na zona oeste do Rio. Eles são acusados de alterar os livros de registros de nascimento e, a partir desta adulteração, conseguiam falsificar certidões de nascimento.

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Os policiais encarregados das investigações encontraram no cartório livros de registros com folhas soltas, rasuradas, adulteradas e até coladas.

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O casal sírio Ali Kamel Issmael, de 71 anos, e Basema Alasmar foi preso sob acusação de liderar a quadrilha. Ela continua presa. Ele foi solto, mas responderá por falsidade ideológica e associação criminosa, assim como Jorge Luiz da Silva, o empregado do cartório, e David dos Santyos Guido, o ex-funcionário.

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Segundo o delegado Aloysio Falcão, titular da Defraudações, os acusados tiravam as folhas dos livros cartorários. "Eles arrancavam aquelas folhas originais, e o funcionário enxertava a nova folha numa certidão de nascimento naquele livro cartorário. Ou seja, deixava de existir um brasileiro nato, ou naturalizado, para dar origem a um sírio supostamente brasileiro", disse o policial.


Com as certidões falsas, os sírios apresentavam-se ao Detran do Rio para requerer carteiras de identidade. Ao todo, 51 dos 72 sírios conseguiram os documentos. Assim, os "novos brasileiros" podiam até votar, pois também tiraram título de eleitor e CPF. Ainda segundo as investigações, pelo menos 20 sírios obtiveram passaporte brasileiro e alguns viajaram para os Estados Unidos e para países da Europa.

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O esquema criminoso começou a ser descoberto quando um funcionário do Detran desconfiou de certidões de nascimento que tinham informações muito parecidas. Decidiu, então, avisar a Delegacia de Defraudações, responsável pelas investigações de fraudes em cartórios.


Ao examinarem os livros cartorários, os policiais civis logo descobriram as irregularidades. Todas as certidões informavam sobre nascimentos registrados no Rio entre 1960 e 1970. Os partos ocorriam em endereços residenciais, nunca em hospitais. Em um mesmo apartamento, na zona norte, teriam ocorrido 13 nascimentos.


O delegado disse que não há informações sobre imigrantes de outras nacionalidades que tenham se beneficiado das fraudes que envolvem os sírios. Ele afirmou que as investigações continuam, pois nem todos os sírios beneficiados foram encontrados pela Polícia Civil.
A Polícia Federal (PF) informou que abriu um inquérito sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.

A reportagem não conseguiu ouvir os advogados dos acusados.


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