A Secretaria da Segurança Pública do Paraná prendeu, na manhã desta terça-feira (13), dois delegados e cinco investigadores da Polícia Civil, acusados de cobrar propina de uma quadrilha de hackers que desviava dinheiro de contas bancárias e repassava para empresários em todo o Sul do país. Simultaneamente, a Polícia Federal prendeu dois empresários de Curitiba envolvidos no esquema de desvio de dinheiro. A operação Ponto Com.PR é uma ação conjunta da Secretaria de Estado e da Polícia Federal, como desdobramento da operação Ponto Com, deflagrada no dia primeiro deste mês no Rio Grande do Sul. Um delegado de polícia que está fora de Curitiba deve se apresentar na semana que vem.
Ao todo, dez mandados de prisão e vinte mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça. A Corregedoria da Polícia Civil com o apoio de uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foi a responsável pela prisão de sete policiais. Os investigadores Gerson Camargo e Luiz Fernando de Abreu foram presos na manhã desta terça-feira, em suas casas. O delegado Roberto Fernandes, lotado em Matinhos no litoral do Paraná, também foi preso pela manhã enquanto participava de uma reunião em Curitiba. Outros dois investigadores, Carlos Pereira, Getúlio Lisboa Vieira e Roger Rocha Gallotti se entregaram à polícia. Paulo Padilha, delegado do 13.º Distrito Policial em Curitiba, se apresentou na sede do Cope. O delegado Hamilton da Paz, do 7.º DP, está em viagem de férias, mas já entrou em contato com a polícia e prometeu entregar-se na segunda-feira (19).
De acordo com o delegado Fernando Francischini, da Polícia Federal, os hackers presos no começo de dezembro denunciaram o envolvimento de policiais paranaenses. Segundo o depoimento, um dos hackers, de 16 anos, foi preso em setembro do ano passado no litoral do Paraná. Para liberá-lo e não desmantelar o esquema de fraudes pela internet, os policiais teriam cobrado mais de R$ 20 mil. Um mês depois, o mesmo adolescente foi abordado por outros policiais no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região de Curitiba. Segundo o adolescente, mais uma vez ele teria sido obrigado a pagar propina de R$ 40 mil para que o esquema não fosse investigado. "Os policiais descobriram todo o esquema dos hackers e para não prendê-los cobravam propinas da quadrilha", explicou o Francischini.
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Empresários - Simultaneamente, a Polícia Federal prendeu em Curitiba dois empresários que contratavam os hackers para desviar dinheiro de diversas contas bancárias para abastecer seus próprios negócios e até mesmo pagar impostos. Vandoir Bica Pedro, proprietário da empresa Esbra Indústria Mecânica, foi preso acusado do desvio de pelo menos R$ 1,5 milhão de bancos como Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, Unibanco e Banrisul, além da Editora Abril. O empresário Cláucio Pinheiro de Moura, dono do mercado Supergula, também é acusado de desviar destes bancos cerca de R$ 500 mil para suas contas. Com eles foram apreendidos dinheiro, carros importados, documentos de imóveis que podem ter sido comprados com o dinheiro desviado das contas.
Operação Ponto Com - No dia 1.º deste mês, a Polícia Federal desencadeou a Operação Ponto Com no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O objetivo foi desarticular uma organização especializada em crimes pela internet espalhada por todo o Sul do país. Mais de 280 policiais federais foram mobilizados para cumprir 45 mandados de prisão contra hackers e 63 mandados de busca e apreensão, além de um mandado de apreensão de menor.
As investigações, iniciadas há cinco meses, revelaram que o esquema criminoso baseava-se no envio de mensagens eletrônicas tipo "spam", direcionando internautas desavisado a programas espiões que capturam senhas bancárias. Com as senhas eles transferiam o dinheiro para contas de "laranjas". Outro destino do dinheiro furtado eletronicamente era o pagamento de títulos e contas, como de telefone, luz e água. Os criminosos ainda negociavam com outros hackers as listas de endereços eletrônicos para os quais eram encaminhados os programas espiões e as mensagens de "spam".
A quebra do sigilo bancário, autorizada pela Justiça, revelou um prejuízo estimado em um milhão de reais por mês ao sistema financeiro nacional. Segundo as investigações, a quadrilha já vinha atuando há pelo menos um ano.
Fonte: Agência Estadual de Notícias