Dezenove presos tentaram fugir na madrugada desta terça-feira da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. Os detentos estavam abrigados na Ala de Segurança Máxima - onde ficam os presos perigosos, os que estão castigados por infrações cometidas dentro da unidade e os segurados (que pedem para ficar isolados por serem jurados de morte).
De acordo com as informações levantadas por agentes penitenciários, os presos serraram as grades e tentaram abrir vários cubículos onde as paredes estão em estado deteriorado. "Se fossem os agentes lá e não a Polícia Militar, teríamos 19 reféns com os 19 detentos e uma nova rebelião", afirmou Sandra Márcia Duarte, presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Paraná.
A fuga foi frustrada por causa do barulho que os detentos faziam. Para disfarçar o som da serra, eles começaram a cantar músicas gaúchas e pagode. "Eles são todos presos perigosos e de difícil convívio. Eles são violentos", avaliou o tenente-coronel Nemésio Xavier de França, comandante do Batalhão de Polícia de Guarda de Presídios (BPGD) e diretor interino da PCE. Os policiais militares conseguiram conter o motim e relocar os presos rebelados para outros cubículos.
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A ala de segurança máxima comporta hoje 70 presos. Xavier afirmou que os que participaram da tentativa de fuga terão o castigo aumentado. Eles não poderão voltar ao convívio com os outros presos num prazo mínimo de 40 dias.
A massa carcerária também está difícil de ser controlada. Os presos estão tensos. Domingo, eles recusaram se alimentar. "Temos que providenciar marmitas urgentes para os presos. Eles não querem comer porque dizem que a comida do presídio é muito ruim", salientou Xavier.
A tentativa de fuga e a tensão na PCE deixam os agentes penitenciários ainda mais temerosos. Eles tiveram uma reunião e definiram uma pauta mínima de negociação antes da saída da Polícia Militar do comando da unidade. Entre os pedidos encaminhados para que o Ministério Público tome providências estão:
- a garantia de permanência por escrito da Polícia Militar junto com os agentes penitenciários dentro da unidade penitenciária
- a transferência de 250 detentos apontados como líderes de movimentos criminosos
- alimentação feita em outras unidades
- garantia da permanência da PCE fechada até o final de uma reforma com apenas duas horas diárias de sol para os presos
- construção de um quadrante restrito para agentes penitenciários com saída pelos fundos da unidade para evitar surpresas em casos de rebelião
- uma reforma emergencial na estrutura de segurança da unidade.