A Secretaria de Estado de Segurança Pública designou o delegado Annibal Bassan Júnior, diretor da Escola de Polícia e representante do Conselho da Polícia Civil, para acompanhar as denúncias de tortura feitas contra o corregedor Adauto Abreu de Oliveira. As denúncias foram protocoladas quinta-feira pela Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) com base nos depoimentos de supostas testemunhas. A tortura teria acontecido na quarta-feira, no 1º Distrito Policial de Curitiba.
O vendedor ambulante Alexandre Almeida Barros, de 29 anos, condenado por furto em São Paulo e indiciado em inquérito por tráfico de drogas, foi preso e encaminhado para o distrito policial após uma tentativa de assalto que teria sido frustrada pelo investigador Luis Carlos Hambruch, lotado na Corregedoria. Hambruch teve fratura exposta numa das pernas e teve que ser encaminhado para cirurgia médica.
A denúncia apresentada para o Ministério Público e para a secretaria de Segurança - encaminhada pela Adepol e reforçada pelos depoimentos do delegado titular do 1º Distrito Policial, Fauze Salmen (candidato à presidência da Adepol, com apoio do delegado João Ricardo Képes Noronha) - é de que o delegado corregedor teria entrado no 1º Distrito e pedido para ser levado até o xadrez, onde ficam os presos. Ele teria pedido para falar com Barros numa sala reservada. Gritos teriam sido ouvidos por presos, investigadores, delegados de polícia. "O preso gritava que não queria ser espancado e o delegado Adauto pedia para que o preso falasse a verdade", afirmou Salmen, dizendo que tem cerca de 30 testemunhas do ocorrido.
Leia mais:
Homem condenado por estupro contra própria enteada é preso em Maringá
Homem é preso ao ser flagrado com 26 pés de maconha que plantou no quintal em Cambira
Promotores acusam juíza de cometer abusos em investigação relacionada a Gusttavo Lima
Motorista de caminhão é preso após acidente com morte em Siqueira Campos
Adauto conta uma versão diferente. Ele teria sido chamado para ir ao 1º Distrito para acompanhar o caso, já que envolvia um policial da Corregedoria. Ao verificar o auto de flagrante, ele teria verificado vários erros. Entre eles, a ausência do depoimento do preso. Ele teria pedido então para que o preso fosse apresentado e falasse em cartório. "Ele foi levado até mim com as mãos algemadas para frente. Começamos a discutir e ele veio tentar me agredir. Eu dei um tapa no rosto dele. Dois policiais meus entraram na sala e jogaram ele para o armário. Foi quando ele começou a gritar para que não batêssemos nele. Mas não aconteceu nada", relatou ele.
O delegado classifica as acusações de tortura como uma simulação, um teatro elaborado pelo grupo de Noronha com vistas na eleição da Adepol. "Foi uma armação classista de alguém que disputa um cargo na Adepol", salientou. Adauto já contratou advogados e irá abrir ações cíveis e criminais contra Salmen por calúnia e difamação. Ele mesmo apresentou ontem à imprensa o laudo do Instituto Médico Legal (IML), protocolado sob o nº 12.944, comprovando que nenhuma lesão corporal foi detectada no preso supostamente espancado. "Não apresenta sinais objetos de ofensa à integridade física ou à saúde do examinado", revela o laudo.