O escritório do advogado criminalista Peter Amaro de Sousa - que defende os policiais militares Luiz Antonio Jordão e Afrânio de Sá, acusados de serem mandantes de escutas telefônicas - foi alvejado por 12 tiros de pistola automática calibre 9 milímetros. A ocorrência foi atendida pela manhã pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e pelo Instituto de Criminalística.
Muito nervoso, Sousa acusou integrantes do primeiro escalão do governo do Estado de terem efetuado os disparos. "Se isto é para intimidar, para mim vai funcionar de forma contrária. Se eu insinuei, agora eu declaro. A escuta foi a mando do Palácio Iguaçu", denunciou ele.
Sousa disse que o cabo Jordão - que denunciou como funcionava o esquema de escuta telefônica no Palácio Iguaçu - corre risco de vida. Ele afirmou que irá pedir proteção para a Polícia Federal. "Guelmann, eu pensei que estava tratando com uma pessoa mais esperta. Isso no meu escritório não faz sentido", afirmou, em tom irônico, referindo-se ao secretário especial de Chefia de Gabinete, Gerson Guelmann.
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O advogado fez novas denúncias envolvendo campanhas eleitorais. Ele disse que durante a campanha para a reeleição do prefeito Cassio Taniguchi (PFL), no ano passado, o técnico em telefonia Gilberto Maria Gonçalves - que respondia pelo setor de telefonia da campanha - apareceu com gravadores, fitas e aparelhos de escuta no Setor de Transporte Aéreo (STA) do Palácio Iguaçu, onde o cabo Jordão estava trabalhando. "Temo pela vida dele. Ele é um arquivo vivo", reforçou.
O investigador Renato Hess, que estava fazendo os levantamentos iniciais no escritório, disse que os projéteis e cartuchos encontrados serão levados para análise. Inicialmente, a polícia acredita que os tiros tenham sido disparados de um carro em movimento na Rua Augusto Stelfeld, onde fica o escritório. Os tiros chegaram a perfurar paredes e vidros externos e internos.
"Passou um carro com mais de uma pessoa dentro. A pessoa do lado direito estava com o braço para fora e deve ter efetuado os disparos em questão de segundos", avaliou. O caso será encaminhado para o 3º Distrito Policial de Curitiba.
A microempresária Dorilda Hipólito Ares Pereira, 51 anos, mora perto do escritório e disse que escutou os disparos por volta da 1h40 da madrugada de ontem. "A gente acorda com o impulso dos tiros. Parecia que tinham descarregado todos os tiros de um revólver na casa. Foi muito rápido. Depois só ouvi o latido dos cachorros", declarou ela. Dorilda disse que não se aproximou da janela, por esta razão não chegou a ver o carro ou os autores dos disparos. "Fiquei com medo. Não avisei a polícia, nem nada. Voltei a dormir", salientou.
Leia mais sobre os grampos em reportagens de Luciana Pombo, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira