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R$ 2 milhões

Auditor afirma que propina foi para campanha de Beto Richa

Loriane Comeli - Equipe Folha
16 mai 2015 às 07:41

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Em acordo de delação premiada com o Ministério Público (MP), o auditor da Receita Estadual de Londrina, Luiz Antonio de Souza, preso há 4 meses, revelou que parte da propina arrecadada por fiscais do órgão – aproximadamente R$ 2 milhões – foi para a campanha de reeleição de Beto Richa (PSDB). A informação foi repassada pelo advogado do delator, Eduardo Duarte Ferreira, que acompanhou a série de depoimentos prestados por Souza nos últimos 15 dias.

Segundo Ferreira, seu cliente declarou que houve "arrecadação específica" para a campanha do governador. Três empresas beneficiadas com ausência de fiscalização tributária, que deixaram de recolher impostos, teriam contribuído a partir de fevereiro de 2014 com parcelas mensais. "O total foi de aproximadamente R$ 2 milhões. A arrecadação foi feita de maneira específica junto a três empresas, que pagaram parcelas mensais a partir de fevereiro até, mais ou menos, setembro. Os pagamentos eram feitos em espécie", declarou o advogado, citando a delação de seu cliente.

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O dinheiro, de acordo com o delator, teria sido repassado a Márcio Albuquerque de Lima – que já foi delegado da Receita em Londrina. Porém, entre junho de 2014 e fevereiro de 2015, passou a ocupar cargo de inspetor-geral de fiscalização, em Curitiba. Ele perdeu o cargo dias antes de o MP conseguir mandado para fazer buscas em sua casa e gabinete.

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Lima teria repassado as parcelas a Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa. Abi também é acusado pelo MP de Londrina de chefiar quadrilha que fraudou a contratação de sua oficina mecânica – a Providence – para prestar serviços ao Estado.

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Chama a atenção o fato de Souza não é o primeiro a revelar a participação de Abi na campanha de Beto. O fotógrafo Marcelo Caramori, mais conhecido como "Tchello", que trabalhou como assessor da Casa Civil até janeiro deste ano, quando foi preso suspeito de participar de um esquema de exploração sexual de adolescentes, revelou, também em acordo de delação premiada com o Gaeco, que Abi seria "o grande caixa financeiro do governador Beto Richa". A atribuição do parente distante seria "bancar campanhas políticas e arrecadar dinheiro proveniente de vários órgãos do Estado".


Procurado por meio de sua assessoria, o governador não se manifestou sobre a nova denúncia, afirmando apenas o partido poderia comentar o fato. Em nota, o PSDB afirmou que "refuta de forma veemente as declarações atribuídas ao sr. Luiz Antonio de Souza" e que "Luiz Abi Antoun nunca tratou de arrecadação para a campanha eleitoral". "O partido ressalta ainda que todas as doações recebidas na campanha eleitoral de 2014 ocorreram dentro da legalidade, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral", conclui a nota.

As propinas arrecadadas pela organização criminosa também teriam sido destinadas a campanhas de pelo menos dois deputados, cujos nomes não foram revelados.


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