A campanha de reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), arrecadou, entre 49 auditores das 1ª e 2ª Delegacias Regionais da Receita Estadual em Curitiba e na Região Metropolitana da Capital, R$ 204 mil. Somado ao que 35 auditores de Londrina doaram, a campanha do chefe do Executivo arrecadou R$ 287 mil apenas com auditores da Receita do Paraná. Os números são provenientes de levantamento feito pela FOLHA com base no cruzamento de dados dos auditores lotados em todas delegacias do Paraná e na prestação de contas oficial do PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Doações legais e arrecadação supostamente ilegal para a campanha de Beto foram objeto de depoimentos prestados pelo auditor da Receita de Londrina Luiz Antonio de Souza, que firmou acordo de delação premiada com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina.
O grupo, braço do Ministério Público (MP), apura a existência e as ramificações de uma organização criminosa composta por auditores que cobravam propina de empresários para deixar de fiscalizar o recolhimento adequado de impostos estaduais. Souza afirmou que R$ 2 milhões de propina teriam sido recolhidos para a campanha de Beto. Outra informação do auditor é que esquema semelhante ao de Londrina existia em praticamente todas as delegacias regionais da Receita.
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No caso de Curitiba e Região Metropolitana, chama a atenção o fato de que cinco auditores – todos lotados na Inspetoria Regional de Arrecadação da 1ª Delegacia – doaram R$ 20 mil cada um. Outros R$ 50 mil também vieram de cinco auditores deste mesmo setor, ou seja, cada um doou R$ 10 mil. Um auditor lotado da 2ª Delegacia contribuiu com R$ 5 mil e um lotado na Coordenação Geral com R$ 3 mil. O restante veio de 36 auditores, que doaram R$ 1 mil cada um.
Na delação premiada, Souza, que também responde a processos por exploração sexual de adolescentes e está preso desde janeiro, disse, segundo seu advogado, Eduardo Duarte Ferreira, que a propina cobrada em Londrina era repartida entre o fiscal que arrecadava, o delegado-chefe e o inspetor-geral de fiscalização da Delegacia de Londrina e 10% do total iam para Curitiba para ser entregue diretamente a pessoas que trabalhavam na Inspetoria-Geral de Fiscalização.
A FOLHA também fez o cruzamento de dados com auditores lotados nas outras delegacias da Receita do Paraná. Não constam doações feitas por fiscais de Ponta Grossa, Guarapuava, União da Vitória, Jacarezinho, Umuarama, Foz do Iguaçu, Cascavel e Pato Branco. Constam apenas doações de um auditor da 9ª Delegacia Regional de Maringá e outro da 12ª Delegacia de Foz do Iguaçu, totalizando R$ 2 mil.
O PSDB do Paraná foi procurado pela reportagem e reafirmou que "as doações para a campanha de 2014 foram realizadas de maneira voluntária e que todas ocorreram dentro da legalidade, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro". Conforme a nota enviada pelo partido, "as contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral".