Um dos assuntos que esteve presente na maior parte das discussões da Câmara Municipal de Londrina neste primeiro semestre foi o transporte coletivo. Logo no começo da Legislatura foi aprovada a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para analisar a planilha, objeto antigo de desconfiança por políticos e da Promotoria de Defesa do Consumidor, que, por mais de uma ocasião, sugeriu a redução da tarifa.
Após quase cinco meses de depoimentos e análise de documentos, a CEI concluiu que havia irregularidades na confecção da planilha e que o preço da tarifa do transporte hoje fixado em R$ 2 poderia ser reduzido para R$ 1,99. O Executivo, por meio da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), rechaçou os números e disse que a tarifa deveria custar pelo menos R$ 2,22.
"Quando tem um monopólio na cidade, a gente sabe que este assunto não vai parar de ser polêmico. São 20 anos de contrato com a mesma empresa", disse o presidente da Câmara, José Roque Neto (PTB), referindo-se a Transportes Coletivos Grande Londrina. "Para mim, esta questão do aumento da tarifa já está acertada. A tarifa irá para pelo menos R$ 2,15".
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Questionado sobre quais elementos fazia tal afirmação, o vereador disse que tem "ouvido falar nos bastidores". Ele não revelou que tipo de acerto haveria entre o Executivo, responsável por autorizar o aumento, e as empresas. "O prefeito tem dito que as empresas estão com prejuízo, com 42 meses sem reajuste. Não duvido que haverá aumento", desconversou.
Quando ocupou o mandato interior de prefeito, durante quatro meses, Pe. Roque corroborou decisão da Justiça e suspendeu, por decreto, qualquer reajuste. O ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) em seus últimos dias de 8 anos de governo autorizou o aumento da tarifa para R$ 2,25.
Padre Roque também comentou as divergências entre o presidente da CEI, Joel Garcia, e o prefeito Barbosa Neto, ambos do PDT. Garcia era líder de Barbosa na Câmara, mas renunciou ao cargo após a CMTU ter se insurgido contra os números da CEI. "Nunca foi aberta uma comissão de inquérito para investigar a planilha. Acho que o prefeito precisaria ter respeitado o trabalho", disse o presidente.
No ano passado, o vereador Orlando Bonilha, depois de cassado pelos pares, apontado como o principal pivô do escândalo de cobrança de propina de empresários, acusou categoricamente a TCGL de pagar "mensalinho" aos vereadores para que não "criassem problemas" para o transporte coletivo. O diretor da TCGL permaneceu um tempo preso para investigações.