O prefeito de Curitiba, Beto Richa, deverá ser anunciado o pré-candidato do PSDB ao governo do Paraná. O partido realiza reunião nesta segunda-feira (22)em Curitiba para definir a escolha, até então entre Beto e Alvaro Dias. ''Após a reunião, que terá votação secreta, vão anunciar o candidato de prefência do diretório estadual, que todos deduzem que será o Beto Richa'', disse Valdir Rossoni, presidente estadual do partido. A definição deve dar um novo impulso nas negociações de alianças para as eleições 2010.
A intenção do PSDB é trabalhar pela manutenção da aliança com o PDT, DEM e PPS, que apoiou o senador Osmar Dias (PDT) no segundo turno das eleições de 2006 e Beto nas eleições municipais de 2008. A confirmação ou não dessa aliança deve balizar o comportamento tanto de partidos da coligação quanto de alguns que ainda estão de fora. É o caso do PPS. ''Nós lutamos pela manutenção da aliança'', adianta o presidente do partido, Rubens Bueno. Mas se o acordo não for mantido? ''Aí vamos discutir que rumo o PPS vai tomar'', diz.
Entre as opções, adianta Bueno, está até mesmo o lançamento de uma candidatura própria ao governo do Estado. ''Temos bons nomes. Se for necessário nos colocamos à disposição'', apontou, já indicando que ele próprio poderá ser candidato do partido ao Palácio Iguaçu. Entre os outros nomes do PPS para a disputa estão o deputado estadual Marcelo Rangel e o deputado federal Cézar Silvestri.
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No DEM, o presidente da legenda no Paraná, deputado federal Abelardo Lupion - e pré-candidato ao Senado - se declara favorável a uma aliança com o PDT de Osmar Dias. Mas outros representantes do partido estão trabalhando pelo apoio da legenda a Beto Richa. O problema é que enquanto Lupion trabalha para se eleger senador, o PSDB já lançou dois candidatos ao Senado, os deputados federais Gustavo Fruet e Alfredo Kaefer.
Além disso, entre os tucanos também está o ex-petista e senador Flávio Arns, cujo mandato termina este ano. A princípio Arns não estava cotado para a chapa de senadores do PSDB, mas como sobrinho da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, o senador voltou a ganhar visibilidade nos últimos meses. Segundo a assessoria de comunicação do PSDB, Arns ainda não se manifestou a respeito de uma possível candidatura.
No PP, a decisão tucana não terá nenhuma repercussão, avisa o deputado federal Ricardo Barros. ''Somos aliados do Beto, do Osmar, conversamos com o (Orlando) Pessuti (PMDB)'', declarou. O partido, disse, deve definir alianças só depois do fim das ''caravanas progressistas''. ''Vamos visitar todos os 399 municípios paranaenses para elaborar nosso plano de governo'', adiantou. Só em maio, quando o plano estiver pronto, o partido pretende conversar ''mais a sério'' com outras legendas.
O PTB já decidiu que não terá candidato próprio na eleição majoritária. ''Nosso foco é aumentar a bancada do partido na Assembleia e na Câmara'', adiantou o deputado estadual Alex Canziani. Na disputa pelo governo, o partido pode optar tanto por Osmar Dias, quanto por Beto Richa ou Orlando Pessuti. ''É a partir da decisão do PSDB que a coisa começa a afunilar'', previu.
No outro lado do expectro eleitoral, o PT está confiante na aproximação com o senador Osmar Dias. ''É uma conversa que está avançando. Definimos uma equipe com integrantes dos dois partidos que irão trabalhar as diretrizes básicas do governo'', contou o deputado estadual Ênio Verri, que é presidente do PT-PR. Nessa semana de Carnaval, integrantes do PT e do PDT estiveram reunidos no apartamento de Osmar Dias em Brasília para conversar sobre a aliança.
Segundo Verri, o PT tabém continua trabalhando pela adesão do PMDB a essa aliança. ''Nosso foco é consolidar o palanque único dos partidos da base do governo Lula no Paraná'', apontou. Mas se nenhuma dessas alianças se concretizarem, diz Verri, o partido tem nomes para a disputa do governo, como a secretária estadual de Ciência e Tecnologia, Lygia Pupatto e o ex-prefeito de Londrina, Nedson Micheletti.
Desonestidade política
Ontem Alvaro Dias anunciou que não participará da reunião do partido, marcada para hoje. Ele defende que a ''pré-convenção'' é ilegal por desrespeitar o calendário eleitoral estabelecido e considera que ''o colégio eleitoral constituído para a ilegal escolha é um prêmio à desonestidade política''. O texto foi publicado ontem no blog do senador.
Ele, inclusive, já aposta na escolha. ''A imposição do nome do prefeito Beto Richa, de forma antecipada e ilegal, arma o palanque adversário''. No entanto, alega que não estaria se ''posicionando contra quem quer que seja os meus companheiros''. ''O que vale mesmo é o interesse coletivo. Devemos buscar a estratégia que mais nos aproxime da vitória e não dela nos distancie como alguns querem''.
O presidente do partido, Valdir Rossoni, argumenta que a reunião não vale como convenção partidária, que ocorre em junho. No entanto, a escolha - que será feita mediante voto secreto - apenas segue a tendência de outros partidos, que já anunciaram seus pré-candidatos. Beto Richa não foi encontrado pela reportagem para comentar as declarações de Dias e Rossoni.