O programa Bolsa-Família foi responsável por três pontos porcentuais da votação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, quando ele atingiu 61% dos votos válidos.
O número representa 2,9 milhões de votos. Este é o principal resultado de um trabalho recém-concluído do economista Mauricio Canêdo, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, que utilizou uma base de dados de 3.397 municípios.
Os quase 3 milhões de votos representam pouco se considerado que 11 milhões de famílias já recebiam o Bolsa-Família em 2006 e uma grande parte delas com certeza tem mais de um eleitor. "A mensagem é que o Bolsa-Família dá votos, já que 3% é alguma coisa, mas dá menos do que a maior parte das pessoas pensa", resume Canêdo.
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O economista empregou uma metodologia estatística sofisticada, na qual cruzou as votações municipais em Lula no segundo turno de 2006 com a proporção de famílias que recebem Bolsa-Família em cada um deles e mais 16 indicadores por município que podem influenciar a tendência de votos. A sua conclusão é que, na média dos municípios, cada ponto porcentual a mais de lares que recebem Bolsa-Família representa uma votação adicional de 0,55 ponto porcentual em Lula.
Para chegar ao impacto total de três pontos porcentuais, Canêdo fez o que se chama de um exercício contrafactual: ele estimou qual teria sido a votação de Lula em cada um dos 3.397 municípios caso não houvesse nenhuma distribuição de Bolsa-Família.
Para conseguir isolar o efeito do programa, Canêdo montou um modelo estatístico que filtra a influência de uma série de outros fatores que afetam cada município, para os quais ele também detém uma extensa base de dados: a votação no segundo turno de 2002, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, urbanização, densidade populacional, distância da capital, a presença ou não de prefeito e governador do PT, desigualdade e analfabetismo, entre outros