A Câmara de Vereadores de Londrina notificou nesta quarta-feira (9) o empresário Maurício Costa para que ele apresente à Casa, no prazo de 10 dias, a manifestação por escrito da denúncia de suposto achaque que teria recebido do vereador Rodrigo Gouvêa (PRP), em junho passado, a fim de que fosse aprovado na Casa o projeto "Minha Casa, Minha Vida".
A construtora da qual Costa é sócio, junto com a esposa, executa as obras das 32 moradias do programa que recebe verbas do governo federal, por meio do Ministério das Cidades. O engenheiro já depôs à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Londrina, à qual primeiramente confirmou o suposto pedido de vantagem, por parte do vereador, mas depois corrigiu as informações prestadas, mudando o teor delas.
Desde que o caso veio à tona, semana passada, Costa não falou com a imprensa, tampouco com o Legislativo. Mesmo o ofício do corregedor Gerson Araújo (PSDB) despachado ontem, por exemplo, foi entregue a um funcionário do escritório da construtora, em um prédio comercial do Centro.
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Para o corregedor e a presidente da Comissão de Ética do Legislativo, vereadora Sandra Graça (PP), o relato por escrito do engenheiro servirá para que a Casa possa conhecer, de forma oficial, o que até então tem sido veiculado pela imprensa - uma vez que a Câmara pediu à Promotoria cópias do procedimento investigatório já instaurado, mas o promotor Renato Castro antecipou que apenas conclusões da investigação poderiam ser repassadas.
É a partir do relato e da análise dele, portanto, que a Comissão de Ética com a Corregedoria poderão ou não proceder à apuração de eventual conduta de quebra de decoro parlamentar por parte de Gouvêa - que nega as acusações, diz não conhecer pessoalmente o engenheiro e acredita ser alvo de ação de grupos políticos.
Conforme o ofício do corregedor da Câmara, contudo, o silêncio de Costa diante do pedido oficial será interpretado ''como negativa dos fatos, o que poderá acarretar, além da não abertura do processo disciplinar contra o vereador, o ensejo ainda da análise de sua eventual responsabilidade civil e criminal''.
Onde está?
Figura fácil de encontrar no período em que divulgava o projeto "Onde Moras" - casas para doação, construídas a partir de material de demolição -, Maurício Costa não atende a imprensa desde que o caso do suposto achaque veio a público, na última quinta-feira.
Desde então, a FOLHA tenta falar com o empresário nos dois números de celular de que dispõe - sempre desligados. Ontem, informações desencontradas nos locais em que até semana passada estava acostumado a ser visto: no escritório da construtora, um funcionário disse que ele estava em Londrina, fora do local de trabalho, mas que contato, só pelo celular (desligado).
Na Caixa Econômica Federal, onde o engenheiro era visto com frequência por conta dos contratos da 32 moradias do "Minha Casa", uma fonte garantiu: desde a semana passada, nem sinal dele.
A reportagem foi até o local em que as casas estão sendo edificadas, no Jardim Nova Aliança, na Zona Norte. Um funcionário que não quis se identificar também comentou: 'Há uma semana que ele não aparece aqui''. Se algo foi falado sobre o assuto Câmara? ''Eu até perguntei, mas ele me disse: 'Fica tranquilo que não é problema seu, não'. Aí, não perguntei mais...'', resumiu.
Na casa dos pais, um parente mudou a versão do escritório: disse que o engenheiro está "em Ibiporã ou Rolândia, cuidando com as prefeituras do (programa) "Minha Casa"". Sem querer citar sequer o grau de parentesco com o engenheiro, a fonte foi questionada pela FOLHA: por que está tão difícil falar com Costa? "Ah, sempre foi". Mesmo no período do "Onde Moras"? "Era, era. Talvez, ele esteja querendo ver o que vai acontecer na Câmara, antes de falar - mas acredita que, se os vereadores pediram para ele se manifestar por escrito, ele vai se manifestar, sim".