O PSOL lançou nesta segunda-feira (31) a candidatura do senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, de 38 anos, para disputar a presidência do Senado, em eleição a ser realizada nesta terça-feira (1º). Ele terá como adversário o atual presidente da Casa, o senador José Sarney, de 80 anos, que também representa o Amapá e, se eleito, será reconduzido ao cargo pela quarta vez.
Randolfe Rodrigues frisou que não é "anticandidato", e que sua candidatura "não é de oposição e não é contra ninguém". Em sua concepção, representa uma "alternativa", que ele ilustrou usando uma conhecida frase do dramaturgo, jornalista e escritor Nelson Rodrigues (1912-1980):
"Toda unanimidade é burra, ainda mais em um espaço como o Parlamento. Quero chamar os senadores para fazer uma reflexão".
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O parlamentar classificou o Senado e a Câmara como ambientes "da diversidade". Para o bem da democracia, não deveriam ser ocupados de forma "monolítica". De todo modo, ele reafirmou que não pretendia "pessoalizar o debate', dirigir sua atuação contra Sarney, contra Renan ou contra qualquer outro senador.
Ao ser indagado por um repórter se contava com "bala na agulha" para a disputa, Randolfe Rodrigues afirmou:
"Venho de uma terra em que a gente aprende que, para subir as cachoeiras, tem que andar pelos igarapés. Não tenho que ter medo. Cada senador aqui é representante de seu estado. Não tem menos senador ou mais senador", afirmou.
'Cara pintada'
A trajetória política de Randolfe Rodrigues teve início ainda na adolescência, quando liderou, no Amapá, o movimento "Caras Pintadas", que exigiu o impeachment do então presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTB. Mais tarde, Randolfe elegeu-se deputado estadual por dois mandatos sucessivos. Em outubro de 2010, com 203.259 votos, sagrou-se o senador mais votado da história do estado.
Ao ser indagado sobre o que fará em caso de derrota, Randolfe Rodrigues reiterou que sua candidatura "não é do contra" e que, após as eleições da Mesa Diretora, ele e a líder do PSOL, senadora Marinor Brito (PA) - os dois únicos representantes do partido na Casa - continuarão atuando em prol de princípios éticos na política.
"Fui o senador mais votado na historia do Amapá, quero honrar confiança do povo da minha terra", afirmou.
Randolfe Rodrigues observou que nunca entrou em uma disputa "para não ganhar" e que está trabalhando para vencer a eleição. Nesse sentido, disse que já pediu o apoio dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Simon (PMDB-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP). Ressaltou ainda que a sua candidatura já estava sendo amadurecida desde a semana passada, quando o PSOL divulgou as propostas a serem defendidas pelo partido na próxima legislatura.
Ao deixar o gabinete onde estivera reunido com os representantes do PSOL, o senador Cristovam Buarque disse aos jornalistas que via com "satisfação" a candidatura do colega.
"Embora isso não queira dizer que decidi meu voto", ressalvou o senador pedetista.
Já a senadora eleita Marinor Brito afirmou não ser possível votar "em hipótese alguma" nos candidatos da base governista. A razão é que eles, no entender da paralmentar, têm tido "uma postura de subserviência".
Ética
Randolfe Rodrigues disse ser necessária "uma profunda reforma ética, que dê transparência às ações do Senado". Ele reivindica igualmente a recuperação do que chamou de "papel autônomo e protagonista do Senado como casa revisora". Condena, portanto, o mero exercício do exame de Medidas Provisórias.
"Apresentamos um programa de mudanças éticas e de transformação, em virtude especial da dramática crise que o Senado viveu nos últimos quatro anos. O Senado precisa de um pacote de mudanças éticas, de transformação. No mínimo, o Senado tem que fazer uma autocrítica do que foram esses últimos quatro anos. Fiquei convencido que o dia de amanhã não poderia passar sem a apresentação de um programa alternativo", afirmou.