A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) pediu em Plenário nesta segunda-feira (25) que a proposta de alteração do Código Florestal seja votada na Câmara em maio e no Senado até julho. Gleisi disse concordar com a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, sobre a necessidade de "isolar os fundamentalistas" de ambos os lados, de modo a se chegar a um consenso em que todos saiam ganhando.
Gleisi defendeu um código "buscado no equilíbrio e na mediação", capaz de garantir ao mesmo tempo o cuidado com o planeta e a produção de alimentos no país.
- Penso que, se tivermos condições de ter uma decisão sem perdedores ou vencedores, mas um jogo de ganha-ganha, considerando que temos um processo a ser cumprido, tenho certeza de que vai ser muito bom para o Brasil - disse.
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Gleisi afirmou concordar com "96%, 97%" do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) relativo ao projeto de reforma do código. Para a senadora, a sustentabilidade ambiental deve ser compromisso de todos os setores da sociedade e a nova regulamentação deve ter um texto claro e "autoexplicável".
Ela destacou, no entanto, a necessidade de se chegar a um número relativo à reserva legal que contemple as diferenças de cada estado, para não causar prejuízos nem aos agricultores - como os que produzem uva nas várzeas do Rio Grande de Sul e café em Minas Gerais - nem à Amazônia, por exemplo, onde poderá haver desmatamento, se mantidos os limites atuais.
- Não é culpa do agricultor. Acho que o agricultor tem responsabilidade, até porque, quando começou a discussão, talvez não tenha conseguido vencer alguns aspectos da cultura, mas não podemos deixar de reconhecer que esses agricultores foram motivados a fazer isso - avaliou a senadora, referindo-se ao caso do Paraná, onde nos anos 60 se incentivaria o desmatamento, inclusive com financiamento agrícola.
Apartes
Em aparte, Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou o "fundamentalismo" do modo de produção econômico, que produz alimentos e bens enquanto "depreda a natureza", sem que o modelo seja questionado. Gleisi concordou com o colega e observou que, durante muito tempo, o mundo ignorou o conceito de que a natureza era finita e os bens naturais não podem ser "precificados".
O senador Blairo Maggi (PR-MT) pediu que, na discussão do Código, se procure preservar o pequeno agricultor que no passado foi estimulado pelo governo a desmatar as terras para vender madeira. Ele avaliou que, hoje, há lugar no Brasil para a produção de alimentos - por meio do grande agronegócio ou da agricultura familiar - e também para a produção industrial.
O senador Wellington Dias (PT-PI) lembrou que a discussão do Código Florestal se insere num contexto de excesso de consumo. Segundo ele, na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-15), realizada em 2009 na Dinamarca, já foi dado o alerta de que a natureza não suporta esse aumento de demanda.