O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) à presidência da República, Ciro Gomes, demonstrou ontem, em Belo Horizonte, disposição para partir para a briga com seu principal adversário na disputa pelo segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o senador José Serra (PSDB). Além de desafiar o tucano para um debate - para ver quem tem «coragem de olhar no olho» -, Ciro acusou o tucano de ter usado dinheiro do Ministério da Saúde para contratar uma empresa especializada em escuta telefônica.
«Tenho provas (da contratação», afirmou Ciro sem, no entanto, apresentar qualquer documentação. «Também posso provar que meus telefones estavam grampeados, assim como foram grampeados os de Roseana Sarney», arrematou o candidato. A ex-candidata do PFL na sucessão ao Palácio do Planalto desistiu da candidatura após denúncias de envolvimento em operações de desvio de verba da Sudam.
Mesmo negando que tenha planos de mudar a estratégia de campanha para impedir nova queda nas pesquisas (nas últimas semanas perdeu pontos no ranking de preferência do eleitorado, enquanto José Serra subiu algumas posições), Ciro Gomes deixou claro que está pronto para rebater qualquer provocação dos adversários. «Prefiro trabalhar as propostas, mas preciso me defender senão, daqui a pouco as pessoas vão me achar um monstro».
Leia mais:
Novo Código de Obras é debatido em audiência pública na Câmara
Deputados federais de Londrina não assinam PEC e questionam fim da escala 6x1 para trabalhadores
PEC 6x1 ainda não foi debatida no núcleo do governo, afirma ministro
PEC que propõe fim da escala de trabalho 6x1 alcança número necessário de assinaturas, diz Hilton
Os ataques ao tucano indicam que a principal estratégia será mostrar a ligação de José Serra com o Governo Fernando Henrique (PSDB). «É ou não é piada de salão, o candidato que já foi ministro do Planejamento, que já foi ministro da Saúde, que manipulou ministério para dar cargo ao marido da prefeita de Arapiraca, em troca de apoio na convenção do PSDB, insultar a inteligência do povo prometendo mudar o pais e criar 8 milhões de empregos?», provocou Ciro.
Coordenador da campanha de Ciro Gomes em Minas Gerais, o deputado federal Walfrido Mares Guia confirmou que haverá alterações «no conteúdo» do programa de Ciro no rádio e na TV. «Ele estava aparecendo muito sozinho. Vamos usar mais depoimentos de deputados, governadores e artistas que estão com ele», antecipou o deputado.
Ciro Gomes demonstrou ontem que se sentiu injustiçado com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou a ceder um minuto de seu programa eleitoral gratuito na televisão para José Serra. Ciro foi punido por usar em início do seu programa cenas animadas de luta livre com a locução: «Os golpes baixos acabam aqui».
O ministro Peçanha Martins considerou que a veiculação das cenas com a locução «agridem a honorabilidade e o decoro» do tucano. Em contrapartida, Ciro não conseguiu direito de resposta no programa de Serra. O tucano mostra em seu programa uma entrevista concedida por Ciro a uma rádio baiana, em que ele chama um eleitor de burro. «Decisão de juiz se acata. Vou cumprir, mas eu me sinto sem aquela sensação agradável de justiça», reclamou.