O coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, informou após a primeira reunião do colegiado, realizada nesta quarta no Palácio do Planalto, que "apenas questões meramente burocráticas" (como definição de que as reuniões ordinárias serão de 15 em 15 dias, a partir da próxima segunda-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília) foram definidas no encontro. A comissão poderá, ainda, se reunir extraordinariamente, em Brasília, ou em qualquer outro local. Também serão criadas subcomissões para balizar os trabalhos. Os integrantes do grupo manterão contato permanente também por meio de e-mails, Skype ou outros meios.
Dipp assegurou que não foram definidas as linhas de trabalho da comissão e nem por onde começarão as atividades. Assegurou, no entanto, que os trabalhos já desenvolvidos por outros órgãos serão aproveitados, como prevê a legislação.
Apesar de a presidente Dilma Rousseff e os integrantes da Comissão assegurarem que terão total liberdade e independência para desenvolver seus trabalhos, a primeiro reunião da comissão contou com a presença dos ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; da Justiça, José Eduardo Cardozo; e da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams. Gilson Dipp justificou que a Casa Civil é o órgão responsável por dar apoio à comissão. Sobre a presença dos demais, repetiu: "Estavam apenas nos dando apoio", acrescentando que apenas informaram que estariam à disposição para ajudar a comissão.
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Sobre as diferenças de opinião entre integrantes da comissão em relação a quem deve ser investigado, Gilson Dipp lembrou que a lei cita que "todas as violações dos direitos humanos" e todos que a praticaram devem ser investigados. Outros integrantes do grupo, como o ex-procurador Claudio Fonteles, avaliam que esse processo se restringe apenas aos agentes do Estado. A advogada da presidente Dilma, que também integra o grupo, Rosa Cunha, evitou fazer comentários sobre as divergências do grupo ao sair da reunião no Planalto, justificando que Dipp foi designado para falar, justamente para evitar que isso ocorra.
Dez a 14 cargos comissionados serão criados para que a comissão disponha de corpo de apoio para a realização dos trabalhos. Também não houve discussão em relação ao prazo inicial dos trabalhos da comissão, que é de dois anos.
Gilson Dipp disse ainda que "não teme retaliação de militares nem de ninguém da sociedade". Ele negou que se incomode com a comissão da verdade paralela dos clubes militares e acrescentou que "este não é um assunto que diga respeito à função da comissão".