O Conselho de Desestatização da Copel, criado por decreto pelo governador Jaime Lerner em maio de 1999, está praticamente desativado. Ao contrário do que sugere o texto do decreto, os membros da comissão não estão sendo consultados para opinar sobre os passos que o governo dará para a privatização. O processo de venda está centralizado nas mãos do governador e do secretário da Fazenda e presidente da Copel, Ingo Hubert.
Ao longo do ano passado, os membros do grupo se reuniram três vezes. Nesse período, no entanto, o processo de privatização chegou a ser até interrompido. O impasse estava entre a Eletrobrás, que queria assumir a privatização da Copel ao se tornar sócia da empresa, e o governo do Estado.
A última reunião do conselho ocorreu em meados de dezembro, quando o secretário da Fazenda comunicou que as articulações para retomar a venda seriam iniciadas. Ficou marcado um novo encontro ainda para dezembro, mas ele não aconteceu. Os passos que se seguiram até chegar na publicação do edital para contratar as empresas que farão a modelagem e determinarão o preço de venda da Copel ficaram a cargo de Ingo Hubert e do governador.
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Os membros do Conselho de Desestatização da Copel são o empresário Karlos Rischibieter (presidente), Ingo Hubert (vice-presidente), Reinhold Stephanes, Miguel Salomão e Alex Beltrão. A Folha tentou falar com eles, ontem, mas não conseguiu localizá-los. Um representante do governo disse que a ausência do conselho nas decisões sobre o futuro da Copel pode comprometer a privatização. "Se esse conselho não der o aval, poderá haver questionamento jurídico para frente", informou a fonte, que não quer ter o nome divulgado.
Versão contrária teve outro integrante do primeiro escalão do governo, que também não quer se identificar. Ele disse que o conselho foi criado apenas para dar um acompanhamento à privatização e não para fazer a gestão. "A lei não dá competência para o conselho decidir. Não há necessidade de ter autorização do conselho para a venda da Copel", disse.
A venda da Copel está marcada para outubro deste ano. O governo ainda não definiu se venderá a empresa como um todo, ou se vai separar alguns setores como o de telefonia e gás. A Copel é dona de 46% das ações da Sercomtel e de 51% da Compagás.