A 12 dias do segundo turno das eleições, o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se reúne na tarde desta terça-feira (16) por teleconferência com representantes do WhatsApp para discutir a proliferação de notícias falsas no aplicativo.
O WhatsApp entrou na mira do conselho após o impacto da disseminação de "fake news" no primeiro turno das eleições, que atingiram inclusive a imagem da Justiça Eleitoral e lançaram suspeitas sobre a lisura do sistema eletrônico de votação. Procurado pela reportagem, o WhatsApp não se pronunciou.
Para conselheiros ouvidos reservadamente pela reportagem, a Corte Eleitoral subestimou o impacto da proliferação de notícias falsas durante a campanha e está "atuando a reboque dos fatos". Já ministros do TSE divergem na avaliação sobre o papel do tribunal no enfrentamento do problema.
Leia mais:
Câmara aprova castração química para condenados por pedofilia
Um sucesso, diz médico de Lula sobre procedimento na cabeça para evitar novos sangramentos
Alep adiciona oito mil sugestões populares ao orçamento do Paraná
Previsto no Lote 4, Contorno Leste deve ficar para depois de 2030
"O TSE tomou as providências que lhe cabia. No mais, não pode um tribunal agir de ofício, tem de ser provocado pelos interessados e prejudicados, o que está acontecendo muito pouco", disse à reportagem o ministro Admar Gonzaga.
"Os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber (que ocuparam a presidência do TSE ao longo deste ano) fizeram tudo que lhes competia fazer, também voltados aos limites da interferência na liberdade de informação e manifestação", completou Gonzaga.
Por outro lado, um segundo integrante da Corte Eleitoral ouvido reservadamente acredita que a atuação do conselho neste momento "não cabe mais", já que o ideal seria a elaboração de estratégias em uma fase anterior à eleição. Um terceiro ministro, que também pediu para não ser identificado, acredita que a imprensa "supervalorizou" declarações inconsistentes e notícias falsas.
O conselho de fake news passou quatro meses sem se reunir, se encontrando pela primeira vez durante a campanha eleitoral na última quarta-feira, 10, depois do primeiro turno das eleições.
Na ocasião, conselheiros afirmaram que o tribunal está trabalhando em um aplicativo para que os próprios usuários denunciem "fake news" à Justiça Eleitoral.
Na próxima segunda-feira (22), deverá haver uma nova reunião do grupo, desta vez com as presenças de representantes do Facebook e do Google.
Ambiente
A disseminação de notícias falsas deverá ser um dos temas tratados na reunião convocada para esta quarta-feira, 17, pela presidente do TSE, ministra Rosa Weber, com advogados eleitorais das campanhas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que disputam o segundo turno das eleições.
Segundo um auxiliar do TSE, a ideia do encontro é chamar as candidaturas para "manter um ambiente sereno" no segundo turno das eleições. A reunião estava prevista inicialmente para esta terça-feira.