Durante sua primeira visita oficial ao Brasil desde que Dilma Rousseff assumiu o governo, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, discutiu com a colega brasileira as relações comerciais entre os dois países, além de um plano coordenado para lidar com a crise na Europa e o impasse sobre o teto da dívida americana.
"Devemos definir ações conjuntas e concretas para defender nossos países da excessiva liquidez que valoriza artificialmente nossas moedas e da avalanche de produtos manufaturados que, não encontrando mercado nos países desenvolvidos, atingem o emprego e a indústria nas nossas regiões", afirmou Dilma.
Já Cristina afirmou que a região precisa ter iniciativa diante da crise. "Mas não se trata de uma posição agressiva, e sim de um reposicionamento da nossa região em um mundo diferente que estamos vislumbrando".
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Ela afirmou ainda que Brasil e Argentina têm a responsabilidade de liderar a integração dos países da região.
Dinamismo
A presidente brasileira também destacou os "grandes avanços" na relação entre os dois países e disse que a intenção é aprofundá-la ainda mais.
"O dinamismo do comércio entre a Argentina e o Brasil é poderoso instrumento de integração. Em 2010, com quase US$ 33 bilhões de intercâmbio, registramos recorde histórico", afirmou Dilma
"A qualidade de nossas trocas bilaterais - 90% das quais correspondem a produtos industrializados - reflete seu caráter estratégico e seu potencial de irradiação de desenvolvimento."
De acordo com a brasileira, diante de uma integração dessa magnitude é esperado que ocorram problemas. Ela disse, porém, que eles estão sendo resolvidos.
Na última quinta-feira, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, havia afirmado que as restrições ao comércio de produtos dos dois países não deveria entrar na pauta das presidentes, já que esse assunto seria tratado pelos ministérios da Indústria e Comércio de Argentina e Brasil.
Os dois países enfrentam divergências desde que a Argentina ampliou restrições a produtos brasileiros no primeiro semestre e, em retaliação, o Brasil também restringiu a importação de carros argentinos.
Participação feminina
A presidente brasileira também fez uma homenagem ao ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que era marido de Cristina e morreu em outubro de 2010.
Segundo Dilma, ele sempre lutou para a melhoria e o crescimento dos dois países, não só como presidente da Argentina, mas também como secretário-geral da Unasul.
Dilma também ressaltou a importância de se garantir a igualdade de gêneros e a participação feminina.
"Uma sociedade pode ser medida por seu avanço, por sua modernidade, desde que ela também assegure a participação das mulheres e a não-discriminação das mulheres", disse.
Copa e Olimpíada
De acordo com a Agência Brasil, também estava na pauta da visita diplomática o interesse de empresas argentinas em participar das obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.
O embaixador argentino no Brasil, Juan Pablo Lohle, disse esperar que as empresas argentinas sejam tratadas da mesma maneira que as brasileiras. "Só queremos um tratamento igualitário."
"É necessário abrir o mercado. É necessário que tenha uma decisão política de participação. O tratamento tem que ser equivalente. Quando as empresas brasileiras vão para a Argentina, a gente abre o mercado e agora queremos que as empresas brasileiras abram mercado aqui", afirmou Lohle, segundo a Agência Brasil.