O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), disse acreditar que o processo de impeachment deve se resolver até março do próximo ano na Casa. Ele lembrou que recebeu 38 pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) ao longo deste ano, rejeitou 31, aceitou um e ainda precisa apreciar os outros.
Em entrevista à TV Câmara, num balanço do ano, Cunha disse que a Casa deverá continuar em ritmo acelerado de votações e rebateu as críticas de que é responsável por colocar uma pauta conservadora na Casa. Ele disse, por exemplo, ser contrário à alteração no Estatuto do Desarmamento, aprovada em comissão especial na Casa, e disse que precisaria avaliar melhor o texto do Estatuto da Família.
Conselho de Ética
Leia mais:
Jair Bolsonaro pode pegar até 28 anos de prisão por tentativa de golpe
Golpismo pode levar Bolsonaro a 28 anos de prisão e a mais de 30 inelegível
Coordenador de equipe de Tiago Amaral fala em ‘portas abertas’ durante transição de governo
PF liga tentativa de golpe e caso da 'Abin paralela' ao indiciar Bolsonaro
O peemedebista também falou do processo por quebra de decoro parlamentar do qual é alvo no Conselho de Ética. Ele repetiu que a admissibilidade da representação foi feita desrespeitando o regimento e acusou os membros do Conselho de buscar exposição na mídia. "Todos que estão envolvidos parecem querer protelar o processo para ter mais espaço na mídia", afirmou.
Ele disse que ninguém dúvida do conhecimento dele do regimento interno e que não vai se "constranger de buscar" o direito à defesa.
Cunha também se disse vítima de um processo político por ter vencido por maioria absoluta, em primeiro turno, a disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro.
Financiamento privado
Defensor das doações de empresas a campanhas políticas, o presidente da Câmara prevê um cenário de "caos total", judicialização e caixa 2 no pleito municipal de 2016 por causa da proibição do financiamento privado pelo Supremo Tribunal Federal.
"Não há como fazer o financiamento de campanha como está agora", afirmou. "Seria melhor fazer o financiamento público por listas partidárias", disse, ressaltando que só o PT tem estrutura para fazer esse tipo de arrecadação, cobrando parcela do ganho dos filiados com cargos públicos.
Lava Jato
Na entrevista à TV institucional, Cunha foi questionado sobre o que achava da Lava Jato, que investiga desvio de dinheiro na Petrobras e na qual é um dos denunciados, e aproveitou para criticar novamente o PT. "É bom deixar claro que a culpa da corrupção na Petrobras é do PT e do governo do PT. Foi desvio para financiar a permanência de um grupo no poder", afirmou. Na semana passada, as casas e os escritórios de Cunha no Rio de Janeiro e em Brasília, além de endereços de outros líderes do PMDB, foram alvo de busca e apreensão por suspeita de envolvimento no esquema.
O peemedebista disse que a Petrobras certamente será condenada a indenizar investidores nos Estados Unidos e isso deve se refletir em novas ações no Brasil. "Corrupção custa caro e contamina todo o processo. A Petrobras ficou praticamente insolvente", afirmou.
Nelson Barbosa
Cunha também comentou a troca no Ministério da Fazenda. Segundo o peemedebista, Nelson Barbosa é mais hábil do que Joaquim Levy para lidar com o Parlamento, mas tem o problema, que é a sinalização para o mercado de que o comando da economia voltou para a presidente Dilma Rousseff. "O mercado não confia na presidente liderando a economia. Vai afastar investidores e fazer com que o dólar suba", afirmou. "Pode ser que no médio prazo ele consiga recuperar a confiança se tiver ações", ponderou.