O partido Democratas do Distrito Federal vai pedir o impeachment do governador Agnelo Queiroz (PT) pela suspeita de envolvimento no desvio de recursos do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. O anúncio foi feito hoje pelo líder do partido no Senado, Demóstenes Torres (GO), da tribuna da Casa.
"Nosso partido, que expulsou aqueles que não honraram a sua bandeira, inclusive o único governador eleito em 2006, vai atrás dos outros", informou o líder, referindo-se ao escândalo da Caixa de Pandora, de 2009, investigado pela Polícia Federal, que levou o partido a expulsar o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. "Não podemos tolerar que o PT, que naquela época fez um carnaval, se omita diante de provas consistentes quanto à participação do governador no escândalo em que não faltam testemunhas sobre a sua participação".
Para Demóstenes, o PT escolhido por Agnelo, depois de ele se desfiliar do PCdoB, tem duas opções: rever sua posição de apoio ao governador ou se assumir de vez como "o partido da boquinha". "Os petistas de brio, certamente, discordam da bandalheira. É necessário conclamá-los à batalha pelo resgate da moralidade no DF, bandeira essa que o partido tanto empunhou nas administrações anteriores", alegou.
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Apesar do apoio dado a Agnelo Queiroz por 15 dos 15 deputados distritais, incluída toda a bancada petista, o líder afirma não ser essa a única vez em que a pressão da população leva os parlamentares a reverem a posição. "Entre o escalpo deles e o do governador, eles ficam com o do governador", justificou.
"Vim fazer este pronunciamento porque fiquei envergonhado com o que está acontecendo com a Câmara Distrital", afirmou o democrata. "Os deputados distritais estão fingindo que nada acontece em Brasília, não dão bola para a opinião pública, é como se nada estivesse acontecendo, é como se Agnelo fosse um papa, um teólogo, quando na realidade está envolvido até a tampa com toda espécie de corrupção", acusou.
Promotor de Justiça licenciado, Demóstenes disse que não faltam provas sobre a participação de Agnelo no esquema, quando ele comandou o Ministério do Esporte, de 2003 a 2006. "Tudo indica que foi ele quem contratou o advogado que preparou a defesa de João Dias", lembrou, referindo-se ao pedido à gravação feita com autorização judicial da conversa em que o policial militar pede ajuda a Agnelo para se defender da denúncia de desviar recursos do Segundo Tempo. "Há ainda um esquema de notas frias e duas testemunhas que dizem ter entregue dinheiro a ele", lembrou.