A presidente eleita Dilma Rousseff deverá aproveitar a reunião de cúpula do BRIC que ocorrerá na China em abril de 2011 para realizar sua primeira visita oficial ao país asiático. O assunto foi discutido nesta sexta-feira, 26, em Pequim em reunião da subcomissão política da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), principal mecanismo de discussão de temas bilaterais, criado em 2004.
A sugestão partiu do lado brasileiro e foi bem recebida pelos chineses. A intensificação das visitas de "alto nível" faz parte dos objetivos para o próximo ano traçados por representantes dos dois países durante o encontro.
O Brasil foi representado pela subsecretária-geral de Ásia do Itamaraty, Maria Edileuza Fontenele Reis, a quem os chineses apresentaram convite para que o futuro ministro das Relações Exteriores do Brasil esteja na China no próximo ano.
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No segundo semestre, é provável que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, faça uma visita ao Brasil, onde nunca esteve em caráter oficial.
A reunião de cúpula do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) ocorrerá em data a ser definida, entre os dias 1º e 20 de abril. Esse será o terceiro encontro dos líderes do grupo, que já participaram de cúpulas na Rússia e no Brasil.
Os chineses disseram a Reis que pretendem focar a reunião nas questões do crescimento econômico e da reforma dos organismos responsáveis pela governança global, o que inclui instituições financeiras multilaterais e o Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas.
"Há um déficit de representatividade dos países emergentes nesses organismos que leva a um déficit de legitimidade", afirmou a embaixadora. "O BRIC se consolida cada vez mais como um fórum de cooperação entre os quatro países para discussão de temas globais."
A embaixadora também analisou com autoridades chinesas a possibilidade de desenvolvimento de projetos conjuntos na África nos setores agrícolas, de biocombustíveis e de bioenergia. Segundo ela, o Brasil já fechou acordos de cooperação "tripartite" no continente com os Estados Unidos e a União Europeia.
Há dois meses, um representante do governo chinês esteve em Brasília para discutir a possibilidade de parceria na África. "A ideia é maximizar o impacto da presença dos dois países no continente", disse Reis.
A China é de longe o maior investidor estrangeiro na África e tem uma política agressiva de concessão de financiamentos para construção de obras de infraestrutura, que são realizadas por empresas chinesas.
O Brasil também tem interesses econômicos no continente e construtoras brasileiras enfrentam a concorrência dos chineses em países como Angola.