A Masterinvest Service Ltda., empresa de fachada usada no esquema de cobrança de propina operado por auditores da Receita Estadual de Londrina, que pertence ao auditor Luiz Antonio de Souza, réu colaborador das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Publicano, contribuiu com a campanha vitoriosa do deputado estadual Tiago Amaral (PSB), filho de um dos mais antigos aliados do governador Beto Richa (PSDB), o ex-deputado Durval Amaral, conselheiro do Tribunal de Contas (TC) do Paraná desde 2012.
Conforme consta da prestação de contas de Tiago Amaral à Justiça Eleitoral, disponível do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Masterinvest doou R$ 8.150 para Tiago Amaral, que se elegeu para o primeiro mandato na Assembleia Legislativa em 2014. As doações – de R$ 1.180 e R$ 6.970 – foram feitas em 29 de outubro do ano passado, em cheque. O deputado também recebeu R$ 5,3 mil de dois auditores envolvidos no esquema.
A Masterinvest, cuja atividade prevista no contrato social seria o comércio de materiais para escritório e a prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, foi registrada em nome "laranjas", incluindo uma das irmãs de Souza, a funcionária pública municipal e advogada Rosineide de Souza.
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O fato é alvo da denúncia do Ministério Público (MP) que envolve as investigações da Operação Publicano, apontando o envolvimento de 62 pessoas na organização criminosa na Receita de Londrina. Para o MP, houve falsidade ideológica na criação da empresa, que serviria "única e exclusivamente aos propósitos espúrios da organização criminosa, sobretudo no que concerne à lavagem de ativos ilícitos". Porém, a denúncia não envolve o crime de lavagem de dinheiro "tendo em vista que a apuração ainda depende de investigação apurada".
Tiago Amaral também recebeu doações de dois dos auditores de Londrina denunciados como integrantes da quadrilha: Amadeu Serapião, que doou R$ 2,7 mil em 8 de setembro, por meio de transferência eletrônica; e Ademir Andrade, doador de R$ 2,6 mil, em espécie, em 3 de setembro.
Em depoimentos prestados ao Ministério Público (MP), como parte de um acordo de delação premiada, o auditor Luiz Antonio de Souza, segundo seu advogado, Eduardo Duarte Ferreira, disse que além da campanha de reeleição de Beto, supostamente beneficiada com R$ 2 milhões de dinheiro de propina, dois deputados estaduais e um deputado federal também teriam recebido dinheiro do esquema criminoso.
Porém, o advogado não confirma que Amaral seja um dos políticos e tampouco revela o nome dos demais. "Não posso revelar nomes porque a homologação do acordo de delação premiada depende do Tribunal de Justiça, porque deputados estaduais têm foro privilegiado", disse Ferreira. No entanto, segundo ele, foram os próprios políticos que procuraram seu cliente para pedir dinheiro para a campanha. "Ele efetivamente arrecadou e entregou o dinheiro para essas campanhas", afirmou Ferreira, sem revelar valores ou detalhes da operação.
O deputado foi procurado em seus telefones celulares e por meio de assessores aos quais a reportagem deixou recado, mas, ele não deu retorno à solicitação de entrevista.