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Interesse próprio

'Era um ganha ganha', diz delator, sobre propina a políticos e empreiteiras

Agência Estado
08 nov 2015 às 08:43
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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Operação Lava Jato - afirmou em depoimento nesta sexta-feira, 6, à Justiça Federal, em Curitiba, que as empreiteiras do cartel que fatiava obras da estatal agia por interesse próprio, dentro de uma lógica de "ganha ganha". Além das empresas, políticos, partidos e agentes públicos também se beneficiavam do esquema de propinas. E voltou a alertar as autoridades que os desvios e a corrupção do cartel funcionava de maneira conexa em outras áreas do governo: "mais cedo ou mais tarde virão à tona".

"Elas (empresas) ganhavam com isso, algumas pessoas da Petrobras ganhavam, os partidos ganhavam e elas olhavam outros projetos, em Ministério dos Transportes, em portos e aeroportos e uma porção de outras coisas que, mais cedo ou mais tarde, virão à tona com certeza", declarou o ex-delator, diante do juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba.

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Questionado pela Procuradoria da República se havia coação para que as empreiteiras pagassem a propina, ele negou. "Não, porque era um ganha ganha."

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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras depôs como testemunha arrolada pela acusação na ação penal contra o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (Governo Lula), o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e contra o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, todos alvos da Pixuleco I, desdobramento da Operação Lava Jato.

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Os três réus estão presos em Curitiba. O Ministério Público Federal atribui a Dirceu, a Duque e a Vaccari crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.


Ele explicou o motivo que levava as empreiteiras a agir de forma ativa no esquema, por interesse próprio. "Elas tinham interesse em atender os diretores ou alguém da Petrobras, que estava à frente desse processo, porque era para atender também os partidos políticos. E os partidos tinham gente importante em ministérios e vários outros órgãos de governo em que essas empresas também tinham interesses", afirmou Costa.

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"Esse processo que eu mencionei (de desvios e corrupção) da Petrobras não aconteceu só na Petrobras, aconteceu em vários outros lugares como grupo Eletrobrás e agora já se chegou alguns pontos mais detalhados na Eletronuclear e como vão chegar a vários outros ministérios e órgãos de governo como falei lá mais de um ano atrás."


Costa fez delação premiada em agosto de 2014 - foi o primeiro delator da Lava Jato. Como delator é obrigado a depor em todas as ações penais da Lava Jato.

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Partidos


O ex-diretor de Abastecimento, que era cota do PP e depois também do PMDB, no esquema, afirmou que partidos e agentes públicos da estatal eram beneficiários de propinas em decorrência da divisão de obras da estatal por parte do cartel, formado pelas maiores empreiteiras do País.

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"Fui procurado por algumas empresas e fiquei sabendo do detalhamento de um processo de escolha de obra que essas empresas tinham interesse, um processo de cartelização e que isso resultava também em benefícios para partidos políticos e para algumas pessoas dentro da própria Petrobras na área de Abastecimento isso ocorreu mais intensamente a partir de 2006 e 2007",


Costa detalhou que a Diretoria de Serviços, que era cota do PT no esquema de fatiamento partidário da estatal, controlava todas as grandes obras, arrecadando propina de 1% em todos os grandes contratos das demais diretorias.

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"Todas as obras, quer seja para Diretoria de Abastecimento, de Gás e Energia ou pela Exploração e Produção, eram conduzidas pela Diretoria de Serviços", explicou.


O delator foi questionado se a diretoria que era cota do PT, controlada na época pelo ex-diretor Renato Duque - apadrinhado do ex-ministro José Dirceu -, tinha conhecimento do processo de cartelização, ele foi afirmativo. Costa aponta a participação de Duque e também do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto

"Ele (Vaccari) era a pessoa que tinha um porcentual dentro da área de Serviços de arrecadação de recursos ilícitos", disse Costa. Questionado se o porcentual arrecadado por Vaccari era para proveito próprio, o ex-diretor afirmou que os recursos eram dirigidos ao PT.


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