Um dos pivôs dos escândalos dos uniformes, a ex-secretária de Educação, Karin Sabec, concedeu entrevista à rádio CBN Londrina nesta quinta-feira (6) e falou sobre o esquema que culminou no indiciamento de 14 pessoas por corrupção e na prisão de empresários. Ela contou que começou a passar informações sobre o caso ao Ministério Público (MP) há dois meses, quando teve o nome citado pela chamada Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Educação. "Divulguei tudo o que eu passei para evitar que o peso das irregularidades recaia sobre a minha pessoa", disse.
Karin reiterou que foi usada pelo ex-prefeito Barbosa Neto (PDT) e pelo ex-secretário de Gestão Pública, Marco Cito, que sempre falava em nome de Barbosa quando este não estava. "Só fiz o que a Gestão mandou. O procedimento já vinha pronto da secretaria. As minhas diretoras e gerentes só colocavam em prática o que o então secretário pedia, ainda mais no caso da carona, que era inédita naquela época", alegou. Ela disse também que só soube das irregularidades quando estava prestes a sair da Secretaria de Educação. "O ex-prefeito me mandou para a Sercomtel para calar a minha boca. Ele chegou a me ameaçar. Dizia que era poderoso e que eu poderia sofrer as consequências se falasse sobre o esquema. Estou arrependido de ter conhecido Barbosa Neto", afirmou.
A ex-secretária ressaltou que Barbosa foi o responsável pela realização do esquema. "Tudo o que acontecia na prefeitura tinha o dedo dele", disse. Ela também admitiu que chegou a receber propina em nome do ex-chefe do Executivo. "Um dos empresários passou no gabinete, mas ele não estava. Depois disso, o empresário foi até a Secretaria de Educação e me entregou o pacote. Só fui saber que era dinheiro depois, quando o próprio Barbosa comentou. 'Olha, não é sempre que isso acontece, mas o que você recebeu era um dinheirinho que tinha lá para mim...'", alegou.
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Karin Sabec também corrigiu a porcentagem do contrato dos uniformes que, supostamente, teria sido repassada aos agentes públicos. "Não são 17%, mas 15%. Destes, seriam 12% para o prefeito e 3% para a divisão entre os secretários envolvidos. Apesar de estar envolvida, reafirmo que não recebi nada", destacou. Ela reiterou ainda que o ex-secretário de Fazenda, Lindomar Mota dos Santos, estaria envolvido no esquema. "Ouvi o (empresário) Marcos Ramos dizendo que a última parcela de pagamento do contrato só foi liberada depois que ele repassou R$ 150 mil ao Lindomar", afirmou.
Já em relação à participação de José Joaquim Ribeiro no esquema, Karin disse que recebeu com surpresa a informação de que ele confessou ter recebido pelo menos R$ 150 mil em propina. "Só fiquei sabendo da participação dele no Gaeco", limitou-se a dizer. Ribeiro, por sua vez, alegou, em depoimento, que sempre esteve na companhia de Karin durante os encontros com os empresários que culminaram no recebimento da vantagem indevida. "Estou envolvida por ter assinado os contratos como secretária, mas garanto que não participei do esquema", rebateu a ex-secretária.
O ex-prefeito Barbosa Neto não foi encontrado para comentar as declarações de Karin, assim como o ex-secretário de Fazenda, Lindomar Mota dos Santos. Já Marco Cito preferiu não rebater as acusações. (com informações da rádio CBN Londrina)