A definição dos candidatos ao governo do Paraná em 2010 depende das acomodações partidárias em torno das candidaturas à Presidência da República da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Mas o quadro eleitoral também tropeça na disputa familiar entre os irmãos senadores Alvaro Dias (PSDB) e Osmar Dias (PDT). Ambos são pré-candidatos. Osmar tem o caminho livre dentro do seu partido. Já Alvaro precisa convencer o dele de que é a melhor opção, em detrimento do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), preferido pelo diretório regional da sigla.
Ciente de que não pode contar com o comando paranaense do PSDB, a quem chama de "grupo curitibano", Alvaro aposta na sua influência junto aos caciques nacionais. E, apesar de as pesquisas mostrarem que está em desvantagem em relação ao prefeito da capital, utiliza dois argumentos em conversas com o colega pernambucano, Sérgio Guerra, presidente nacional do partido. O primeiro argumento é que, sendo Beto candidato, a prefeitura de Curitiba ficará sob o comando do vice-prefeito, Luciano Ducci, filiado ao PSB, tradicional aliado do PT de Dilma Rousseff.
O segundo argumento é que Osmar Dias desistiria da disputa se o PSDB escolher Alvaro como candidato. Assim, a ministra ficaria sem um palanque de peso no Paraná. "É elementar, mais claro que a luz do sol", argumentou Alvaro Dias à Folha Norte. Ele garantiu que já acordou isso com Osmar. "Você já viu irmãos disputando eleição um contra o outro? Isso não existe", afirmou.
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Procurado pela reportagem, o pedetista nega e rebate: "Essa observação [do irmão] vale ao contrário. E o PDT já decidiu pela minha candidatura", declarou Osmar Dias, que perdeu o segundo turno em 2006 para o governador Roberto Requião (PMDB) por apenas 10.479 de um total de mais de 5,3 milhões de votos válidos em todo o Paraná.
Acostumado a acompanhar as disputas pelo governo do Estado, o cientista político Antonio Celso Mendes, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC/PR), acredita que Alvaro será o candidato do PSDB. "Ele tem liderança inconteste dentro do PSDB nacional. O José Serra tem todo interesse em fortalecer sua candidatura no Paraná. O Alvaro será o candidato tucano e o Osmar desiste. Se um sai o outro não sai", aposta.
Já Ricardo Costa de Oliveira, também cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), diz que Alvaro é carta fora do baralho. "Os candidatos são Beto e Osmar. Toda a campanha gravita em torno desses dois nomes." Para ele, a cúpula nacional do PSDB prefere Beto Richa, por ter sido reeleito prefeito de Curitiba já no primeiro turno, em 2008, e manter-se melhor colocado nas pesquisas em relação ao irmão. O professor também não acredita num terceiro nome forte na disputa: "Orlando Pessutti [vice-governador pelo PMDB] não decola. E o PT não tem nome de peso para esta disputa", disse.