Cotado para o Ministério do Planejamento em um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse nesta quarta-feira (11) que Temer não pretende mexer no Bolsa Família nem acabar com o benefício, que atende a cerca de 14 milhões de famílias.
Segundo Jucá, caso o Senado decida pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff na sessão desta quarta-feira, Temer vai, sim, discutir os programas sociais, mas sem alterar o Bolsa Família. "Essa questão do Bolsa Família é uma prioridade, não há nenhuma intenção de acabar com o Bolsa Família, de diminuir reajuste do Bolsa Família. Pelo contrário, a ideia é fortalecer os programas sociais que funcionam e, efetivamente, melhorar a vida da população", disse.
A possibilidade de Temer modificar programas sociais, caso assuma o Palácio do Planalto, tem sido recorrente nos discursos de Dilma e aliados. Hoje mais cedo, no Salão Verde do Congresso Nacional, um grupo de deputados contrários ao impeachment denunciou o "desmonte" do Bolsa Família, considerado o carro-chefe da política social dos governos do PT.
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O PMDB de Temer defende que os programas de transferência de renda se concentrem na parcela dos 5% mais pobres. A proposta está no documento A travessia social, elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao partido, para servir como uma espécie de programa de governo do vice-presidente na área social. "Se [o Senado] fizer o afastamento, o governo [Temer] vai ser instalado e logo depois vão ser discutidos os programas", disse Jucá após deixar do plenário, onde os senadores estão debatendo o afastamento de Dilma.
Jucá, que tem atuado como porta-voz de Temer, disse que o vice-presidente também indicou que irá propor um pacote de ajuste fiscal se assumir a Presidência. "Isso será avaliado pela equipe do presidente, se assumir, se o Senado tomar a decisão [de afastar Dilma]. Não tem como antecipar qualquer decisão", desconversou.
Na terça (10), após reunião com o vice, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que Temer pretende reduzir o número de ministérios de 32 para 22.
Ministros
Na conversa com jornalistas no Salão Azul do Congresso, Jucá disse ainda que os ministros do possível governo Temer poderão tomar amanhã (12). O anúncio da nova equipe, caso o Senado vote pelo afastamento de Dilma, ocorrerá logo após a presidenta receber a notificação e de Temer ser comunicado que assumiu a Presidência da República. Segundo Jucá, isso deve ocorrer por volta de 10h ou 11h, a depender do final da votação.
O peemedebista não informou quantos ministros tomarão posse nesta quinta. Segundo ele, Temer já pretende ocupar no mesmo dia o gabinete da Presidência da República, no Palácio do Planalto. "Não há vácuo no poder." Temer atualmente despacha na Vice-Presidência, em um edifício anexo ao palácio.