O juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba e um dos responsáveis pela Operação Lava Jato, Sérgio Moro, não quis comentar sobre as gravações do ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), de que uma mudança no governo federal resultaria em um pacto para estancar a sangria da Lava Jato. "Não teria um comentário específico sobre essa situação, porque não estou suficiente a par e não seria apropriado", disse, ao responder uma pergunta de mediador do Fórum Veja - O Brasil que temos e o Brasil que queremos.
Entretanto, o juiz ressaltou que é importante ter presente que existe esferas independentes, "Ouvi o Meirelles falando há pouco sobre economia e isso é um assunto que o judiciário não interfere. Assim como assunto de Justiça também não devem ter interferência do governo, cada um tem que agir independente", afirmou.
Questionado também sobre os boatos de que a operação estaria perdendo ímpeto, Moro disse que a Lava Jato "não é seriado". Ele argumentou que existe um trabalho, que é a parte mais visível, de buscas e diligências, mas existe também um trabalho de investigação, de realização de audiências, de julgamento de casos, e ressaltou que os resultados da Lava Jato são institucionais.
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Moro ainda comentou que o judiciário precisa continuar com uma atitude mais firme e essa postura seja perene. "Não precisa só esperar maná do Estado para se combater a corrupção, muito pode ser feito pelas instituições privadas. Também tem toda uma questão moral que poderia ser feita, como dizer não a propinas, entre outros", declarou.
Barroso
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que participou do debate junto com Moro, completou a resposta ao questionamento das supostas tentativas de se barrar a Lava Jato e comentou sobre a questão de Moro ser tratado como herói nacional. "Você precisa de heróis quando as instituições não funcionam corretamente. Mas acredito que as instituições passaram a funcionar melhor. Então é impensável que, nos dias de hoje, supor que alguém tenha individualmente capacidade de paralisar as instituições", declarou.
Barroso explicou que não daria declaração sobre o ocorrido com Jucá, mas que acessos aos ministros do STF para pedir audiência e conversar todos têm. "Agora acesso no sentido de influenciar qualquer componente ou pessoa nos processos eu duvido muito que aconteça. E não me refiro a uma pessoa, mas ao geral", afirmou.
Lula
Moro foi questionado pela plateia se o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser preso. "Esse tipo de pergunta não tem nem como começar a responder. Mas o que posso falar é que existe todo um processo de investigação e provas e o juiz não segue opinião pública. Se esse processo voltar para minha instância - e isso não está certo que volte - será tratado na forma da lei com base em fatos e sem qualquer envolvimento da opinião pública e nem de qualquer sentimento de expectativas", declarou.