O governador Jaime Lerner (PFL) estuda a possibilidade de dar férias coletivas aos servidores do Estado, como medida de economia. Lerner passou boa parte da tarde de ontem reunido a portas fechadas com os secretários José Cid Campêlo Filho (Governo), Alceni Guerra (Casa Civil) e Ricardo Augusto Cunha Smijtink (Administração) para analisar e ajustar os pontos da medida, que seria mais uma forma de enxugar os gastos e enquadrar o Paraná na Lei de Responsabilidade Fiscal. O governador - que tem nova reunião com os secretários para avaliar a viabilidade técnica e administrativa das férias coletivas - deve anunciar hoje sua decisão. Entretanto, fontes ouvidas ontem pela Folha davam a medida quase como certa.
Segundo as mesmas fontes, a economia giraria em torno de R$ 15 milhões a R$ 30 milhões, levando-se em conta os gastos com telefone, luz, água e outras despesas normais. A duração das férias coletivas e o número de setores e servidores atingidos pela iniciativa ainda não estariam fechados.
O Paraná tem cerca de 205 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas, que recebem um salário médio de R$ 800,00, de acordo com a Secretaria Estadual de Administração.
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O assunto era tratado ontem com muita cautela pelo Palácio Iguaçu, e com justificativa. A notícia de que o governo pode dar férias coletivas teve péssima repercussão entre os sindicatos do funcionalismo público, que ainda estão na expectativa de receber o salário de dezembro, que deve ser pago até o dia 31 de dezembro. O 13º já foi depositado nas contas dos funcionários do Estado. O governador Jaime Lerner garantiu na semana passada que o governo já dispõe dos recursos para pagar os salários do funcionalismo, e que não precisou recorrer a financiamentos para obter o dinheiro.
A coordenadora do SindSaúde (Sindicato dos Servidores da Saúde do Estado), Elaine Rodella, disse que é "impossível" dar férias coletivas aos servidores de saúde, inclusive nas áreas administrativas. "Com essa atitude o governo não vai resolver o problema financeiro e vai aumentar outro", criticou. De acordo com ela, a população está insatisfeita com o atendimento, e as férias só agravariam a situação. "Isso deve derrubar ainda mais o conceito do governo", avaliou. O Estado tem cerca de sete mil servidores na área da saúde.
A diretora do Sindi-Seab (Sindicato dos Servidores dos órgãos da Agricultura no Paraná), Norma Ferrari, também lamentou a possibilidade. Norma disse que a atitude demonstra o "nível financeiro em que o Estado se encontra". Para ela, saúde, polícia e sistema penitenciário não podem parar. "Isso é uma falácia", comentou. Norma Ferrari disse que ainda não tem uma avaliação do impacto que as férias teriam.
A diretora do Sindi-Seab lembrou que o pagamento das férias será outro problema. "Será que vamos receber?", questionou. "E quem já programou as férias, terá que mudar os planos?", emendou. Ela lembrou que o governo escalonou pagamento do terço de férias no ano passado, o que repercutiu mal entre a categoria.