Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Debate na Câmara

Londrina teve só dez vereadoras em 78 anos

Redação Bonde com assessoria de imprensa
18 mar 2014 às 10:51

Compartilhar notícia

- Devanir Parra / CML
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher vai debater a igualdade entre homens e mulheres na política, com as entidades representativas da sociedade londrinense. Esse foi o principal encaminhamento do painel "A participação das mulheres nos espaços de poder" que ocorreu na semana passada, sob a coordenação da presidente da Comissão, vereadora Lenir de Assis (PT), dentro da programação da 22ª Semana Municipal da Mulher, encerrada no último sábado.

O painel contou com a participação de lideranças femininas do poder público e da sociedade, oportunidade na qual as vereadoras Sandra Graça (SDD) e Elza Correia (PMDB), também integrantes da Comissão, apresentaram dados reais sobre a participação feminina nas instituições e na política londrinense. É justamente em razão da sub-representação da mulher na esfera local que Lenir de Assis defende o debate sobre o assunto nos mais diversos segmentos como partidos políticos, sindicatos, entidades empresariais, igrejas, entre outros. "Nós somos mais da metade da população. Somos muitas vezes a maioria na base desses segmentos sociais. E, normalmente, estamos em minoria nas instâncias de decisão", comentou a vereadora.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


A professora de sociologia da UEL, Silvana Mariano, convidada especialmente para falar sobre o tema durante o painel, compartilha da mesma opinião da vereadora: "A participação do gênero feminino vai decrescendo das bases dos movimentos políticos e sociais até chegar ao topo das decisões políticas", disse. Ela salientou que os partidos políticos não incentivam a participação da mulher, baseados em uma cultura patriarcal e machista, na qual a participação do homem é tida como natural e a da mulher é, muitas vezes, vista com desconfiança. Diante dessa cultura, segundo a professora, a mulher na política estaria cercada de vários atributos negativos como falta de competência, capacidade de mando, força; dificuldade para conciliar vida familiar e política; masculinização.

Leia mais:

Imagem de destaque
Relações internacionais

Xi Jinping dá pedaço da Lua a Lula em jantar no Itamaraty

Imagem de destaque
Investigação

Moraes marca depoimento de Cid no STF após PF apontar omissões de militar

Imagem de destaque
Em definitivo

Projeto de concessão da Praça da Juventude da ZN de Londrina é arquivado

Imagem de destaque
Primeira reunião

CPI das Bets convoca Deolane, Wesley Safadão e Jojo Todynho


Silvana Mariano disse ainda que o Brasil ocupa uma posição vexatória no cenário internacional quando se fala em participação da mulher no parlamento. Apesar de ter eleito sua primeira mulher presidente, o país ocupa 124ª posição, entre 144 países pesquisados sobre o número de deputadas em suas câmaras – dados da União Interparlamentar, com sede na Suíça. Silvana Mariano lembra que ficamos atrás do Iraque e do Afeganistão, países de tradição islâmica, tidos como de cultura machista, onde as mulheres ocupam, respectivamente, 25,2% e 27,7% das cadeiras do parlamento. Para se ter uma ideia, no atual ritmo e sem uma reforma política, o Brasil vai demorar 150 anos para ter igualdade de gênero no Congresso.

Publicidade


Para a professora, a política no Brasil está na contramão do que acontece na sociedade, onde a participação da mulher em alguns casos supera a dos homens, como nas universidades, onde elas respondem por 57% das matrículas e os homens, 43%. "É preciso transformar esse capital social em capital político. É uma questão de ordem democrática, justiça de gênero e distribuição de poder", disse ela, ressaltando que é preciso conciliar a igualdade de gêneros e compromisso com a construção de uma sociedade sem injustiças, desigualdades e opressão. "Não se trata da mulher no poder pela mulher no poder, mas sim de fortalecer a democracia, o exercício pleno da cidadania, a construção de uma sociedade mais justa e igual", ponderou a vereadora Lenir de Assis durante o painel.


A participação da mulher no parlamento local alcança, hoje, um percentual melhor do que o nacional – dos 19 vereadores em Londrina, três são mulheres (15,78%), justamente as vereadoras que integram a Comissão. Mas, mesmo assim, bastante inferior a qualquer perspectiva de igualdade de gêneros, já que as mulheres são mais da metade da população londrinense (52%).

Publicidade


Entretanto, segundo dados apresentados pela vereadora Elza Correia (PMDB), em 78 anos de existência, 364 homens exerceram mandatos de vereadores e apenas 10 mulheres, de vereadoras. Nesse mesmo período, 46 homens, e nenhuma mulher, foram presidentes do Legislativo. Elza lembrou que duas vereadoras – ela própria e Márcia Lopes (2001 a 2004) – foram as únicas candidatas a prefeita na história de Londrina. "Enfrentamos muitos obstáculos, preconceitos mesmo. A todo momento tínhamos que provar nossa capacidade e liderança", declarou a vereadora. Resultado: em oitenta nos de emancipação política, Londrina nunca teve uma prefeita.


Também de olho na presença da mulher à frente de instituições e entidades representativas da comunidade londrinense, a vereadora Sandra Graça (SDD) trouxe novos números para o debate. Por esse critério, há também uma sub-representação feminina nos espaços de poder da sociedade local, que talvez ajude a explicar a situação nas áreas estatais, como Executivo e o Legislativo.

Das seis entidades de trabalhadores pesquisadas, duas já tiveram presidentes mulher: Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Refeições Coletiva (Sinterc) e a APP-Sindicato Londrina. Nas entidades patronais, o quadro é pior: a Associação Comercial Industrial de Londrina (ACIL), o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) e a Socieade Rural são entidades que nunca foram presididas por uma mulher. Das duas instituições pesquisadas, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Londrina, nunca teve uma presidente mulher, e a Universidade Estadual de Londrina (UEL) teve duas reitoras, inclusive a atual, Nádina Moreno. "Isso depois que a universidade passou a escolher seu comando por voto direto", observou Sandra Graça.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo