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modelo econômico

Lula cobra ação contra paralisia do governo

Bonde, com informações da Agência Brasil
14 mar 2004 às 17:02

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Irritado com o ''fogo amigo'' dos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de seus principais ministros um pacto de convivência para romper a paralisia que tomou conta do governo.

Em várias reuniões da semana passada, Lula atuou como árbitro, mas disse com todas as letras que não mais admitirá disputas no time. O movimento é uma reação contundente à grita geral por resultados do governo, engessado pela crise do caso Waldomiro Diniz e por divergências escancaradas em torno da política econômica.

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Diante de pressões por mudanças na economia, Lula avisou: não só vai manter o modelo desenhado pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, como não quer mais saber de contestações públicas. Apesar de angustiado com a economia que encolheu e com o desemprego cada vez maior, o presidente ainda confia em Palocci.

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Na outra ponta, faz de tudo para reanimar o ministro da Casa Civil, José Dirceu, nocauteado depois do escândalo chamado Waldomiro, o subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil que pediu propina a um bicheiro e doações para campanhas eleitorais.

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Dois acontecimentos provocam ao mesmo tempo grande expectativa e apreensão no Planalto: a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta semana, que decidirá se mantém ou não inalterada a taxa de juros, hoje em 16,5% ao ano e a divulgação, em abril, de indicadores do primeiro trimestre, que medem o emprego e a atividade econômica.


''Estamos seguros de que vamos arrumar a casa progressivamente, porque não há hipótese de não haver crescimento neste ano'', insiste o ministro da Fazenda. Dentro do governo, porém, não há essa certeza. As dúvidas, embates e cobranças são tantos que a rede de intrigas contaminou o primeiro escalão.

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Na quinta-feira, Palocci faltou à reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e não ouviu as recorrentes queixas dos empresários sobre juros altos. Estava irritado com as críticas. Dirceu desaprovou a atitude de Palocci.


Na seara política, o comentário mais frequente é de que o anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) negativo em 0,2% só não provocou estragos maiores porque foi abafado pelo escândalo de Waldomiro. O argumento é exatamente o oposto se visto pela ótica da Fazenda. Em outras palavras: articuladores políticos do governo estariam querendo jogar a crise para o colo da economia.

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Na prática, Lula faz movimentos cada vez mais próximos do ideário contido na Carta ao Povo Brasileiro, documento que representou um marco na campanha petista, em junho de 2002. Quebrando os mais graúdos dogmas da esquerda, o então candidato prometeu preservar o superávit primário o quanto fosse necessário para impedir que a dívida interna aumentasse.


Cumprida à risca, a promessa tem afastado Lula de suas bases e criado problemas no PT. Depois da nota pública em que o partido pregava mudanças na política econômica, o ambiente esquentou ainda mais no Planalto. ''O barulho foi muito exagerado'', reagiu o presidente do PT, José Genoino. ''A nota refletiu o estado de ânimo do PT, que não só tem o direito como o dever de falar que é preciso mais prioridade para emprego e crescimento.''


De qualquer forma, o governo tenta a todo custo voltar à rotina com a chamada agenda positiva: o esforço concentrado já incluiu o anúncio de investimentos de R$ 446 milhões em rodovias, um pacote de estímulo à construção civil e a inclusão de mais 901 mil benefícios no programa Bolsa-Família até junho, entre outras iniciativas.

Apesar dessas medidas, pouco se avançou na criação das tão faladas condições microeconômicas de crescimento. ''Está muito devagar'', avaliou o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola. ''O cenário de estagnação com equilíbrio é insustentável e a área econômica precisa entrar mais nas políticas setoriais para evitar que a ausência delas ou equívocos acabem por minar a política macroeconômica.''


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