Mesmo diante de uma platéia formada pelos principais economistas e investidores do cenário econômico internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se intimidou e cumpriu o prometido: cobrou dos países ricos e de todos os participantes do Fórum Econômico Mundial ações imediatas e concretas que possam trazer melhores condições de vida aos milhares de famintos e miseráveis de todo o mundo.
O discurso de Lula, um dos mais esperados do evento, trouxe ao encontro de Davos a reflexão sobre os principais problemas sociais da humanidade, uma vez que o presidente se tornou uma espécie de "mensageiro" das idéias defendidas durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
de acordo com a Agência Brasil, Lula estava bastante à vontade frente a uma platéia que aplaudiu o seu forte discurso por mais de quatro vezes. O presidente brasileiro não economizou palavras para criticar o protecionismo e as distorções econômicas e sociais presentes em todo o mundo. "A face mais visível dessas disparidades são os mais de 45 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. O seu lado mais dramático é a fome, que atinge dezenas de milhões de irmãos e irmãs brasileiros", enfatizou.
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O presidente reiterou o seu empenho no combate à fome e o compromisso de encerrar o mandato fazendo com que todos os brasileiros possam fazer três refeições diárias. Nesse sentido, Lula cobrou maior engajamento da sociedade e reformas estruturais que permitam a melhor distribuição de renda.
Na avaliação de Lula, todos os esforços a serem promovidos no Brasil só serão implementados caso haja uma radical mudança na ordem econômica mundial. Segundo o presidente, o livre-comércio deve ser hoje uma realidade de todos os países, especialmente com o fim do protecionismo das nações mais desenvolvidas e a redução dos subsídios impostos às economias mais frágeis.
Lula referiu-se à construção de uma nova ordem econômica mundial como uma "atitude de inteligência política" a ser tomada pelos países ricos. "Mais de dez anos após a derrubada do muro de Berlim, ainda persistem muros que separam os que comem dos famintos, os que têm trabalho dos desempregados, os que moram dignamente dos que vivem na rua ou em miseráveis favelas", enfatizou.
O presidente também pregou a paz mundial, o fim do terrorismo e a negociação cada vez maior do Brasil com países da América do Sul, da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia. Lula referiu-se ao Fórum de Davos como uma "montanha mágica" que deve olhar para o mundo com olhos diferentes dos habitualmente direcionados. "Não fiquem indefinidamente esperando sinais para mudar de atitude em relação a meu país e aos países em desenvolvimento. Os povos, como os indivíduos, precisam de oportunidades. Os países ricos de hoje só o são porque tiveram suas oportunidades históricas", defendeu.
No final de seu discurso, Lula sugeriu a criação de um Fundo Internacional para o combate à miséria e à fome nos países do Terceiro Mundo, que seria estimulado pelos países do G-7 e pelos grandes investidores internacionais. "É longo o caminho para a construção de um mundo mais justo, e a fome não pode esperar", conclamou.
O presidente garantiu que o Brasil fará a sua parte na construção de um mundo melhor, e fez um apelo para que todos os países se unam em torno de um pacto mundial pela paz e contra a fome. "A mudança que buscamos não é para um grupo social, político ou ideológico. Ela beneficiará mais os desprotegidos, os humilhados, os ofendidos e os que agora vêem com esperança a possibilidade de redenção pessoal e coletiva. Essa é uma causa de todos. Ela é universal por excelência", finalizou.