O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará na quarta-feira sua estréia na reunião de Cúpula dos países do Mercosul em Assunção, no Paraguai, com a promessa de fortalecer o bloco e torná-lo prioridade para o Brasil nos próximos quatro anos.
A intenção do presidente brasileiro é fazer do bloco econômico o "centro das atenções" do restante do mundo na América do Sul, tornando-o mais competitivo e atrativo para investimentos externos.
O fortalecimento da integração regional promete ser um dos principais debates durante a XXIV Reunião do Mercosul em Assunção. Os presidentes do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina pretendem iniciar durante o encontro as conversações para a transformação do bloco econômico em um efetivo mercado comum até 2006.
Leia mais:
Moraes diz que 8/1 demonstrou falência de autorregulação das plataformas
STF marca julgamento de ação de Bolsonaro para tirar trama golpista da relatoria de Moraes
Vereadores de Londrina rejeitam projeto de lei que autorizava troca de imóveis para sede da Codel e Ippul
STF retoma julgamento que pode punir redes sociais por conteúdos de usuários
Em seu formato atual, o Mercosul é hoje uma espécie de "união aduaneira imperfeita", sem a integração física, política e econômica desejada pelos quatro membros do bloco.
O presidente Lula vem defendendo a criação de mecanismos que facilitem a plena integração do Mercosul, como a criação de um Parlamento Comum e dos institutos monetário e social que teriam a função de coordenar a economia e cumprir as metas sociais estabelecidas para a região. Essas medidas, para Lula, poderiam trazer resultados práticos às negociações do bloco com a comunidade internacional.
Com as sucessivas crises econômicas que atingiram os países do bloco desde o início da década de 90, a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul também acabou com um percentual acima do idealizado pelos países membros do bloco.
A expectativa dos negociadores internacionais é que, durante a cúpula de Assunção, os presidentes dos quatro países consigam definir uma proposta única para a TEC, num patamar que traga benefícios às economias do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Até o final de 2003, vigora a prorrogação do adicional de 1,5 ponto percentual sobre a TEC, mas durante o encontro deve ser definido um prazo para a redução da tarifa.
Os quatro presidentes do Mercosul também vão aproveitar o encontro para definir uma agenda de trabalhos do bloco econômico para os próximos quatro anos.
A disposição política de pelo menos três membros do bloco é grande, uma vez que Brasil, Argentina e Paraguai elegeram recentemente novos presidentes que terão quatro anos de mandato pela frente para intensificar as negociações do Mercosul.
Lula e Néstor Kirchner reafirmaram durante encontro em Brasília na semana passada a intenção de trabalhar juntos pelo fortalecimento do bloco, e esperam o apoio do paraguaio Nicanor Duarte (que toma posse em agosto) para viabilizar as negociações em prol do bloco econômico.
O uruguaio Jorge Battle, embora já tenha demonstrado a intenção de buscar isoladamente novos parceiros comerciais, também encontrou-se com Lula em maio deste ano e reafirmou sua vontade de fortalecer o Mercosul. Os quatro presidentes são unânimes em defender a integração do bloco não apenas do ponto de vista comercial, mas também econômico, político e social.
Lula e Kirchner também defendem maior aproximação do Mercosul com os países da Comunidade Andina (Peru, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Equador). A Bolívia e o Chile vão participar como convidados da XXIV Reunião do Mercosul, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, vai acompanhar a sessão plenária do encontro.
O presidente brasileiro desembarcará às 17h (18h horário de Brasília) desta terça-feira em Assunção acompanhado dos ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Antônio Palocci (Fazenda) e Celso Amorim (Relações Exteriores). O único compromisso previsto é o jantar oferecido pelo presidente do Paraguai, Luiz González Macchi, aos participantes do encontro.
Na quarta-feira a partir das 10h (horário de Brasília) terá início a plenária do Mercosul, que está prevista para ter mais de três horas de duração. Após a reunião, os presidentes vão fazer uma conferência de imprensa para comentar os resultados do encontro e, logo em seguida, o presidente Lula retorna a Brasília.