Depois de ouvir manifestações pela "abertura já" dos arquivos do Regime Militar (1964-1985), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em discurso, que a política do seu governo para os direitos humanos "foi uma goleada de cinco a zero". As manifestações para a abertura dos arquivos ocorreram durante a solenidade de entrega do Prêmio Nacional dos Direitos Humanos, no Palácio do Planalto.
Lula reclamou que muitos "pessimistas" queriam que esse "jogo" fosse que 15 a zero. "A política é um pouco assim: eu sei que fizemos muito, mas sei que podíamos ter feito muito mais neste País", reconheceu Lula.
O presidente elogiou o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, que foi bastante criticado por entidades, por não avançar na questão dos arquivos e na localização de corpos de vítimas no regime militar. "Nunca antes na história do Brasil todos os segmentos dos direitos humanos estiveram tão unidos em torno de uma política de Estado", disse.
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A ativista Karla Santa Cruz, sobrinha do desaparecido político Fernando Santa Cruz, foi um dos que pediram a abertura dos arquivos durante a solenidade. Em entrevista, ela evitou fazer críticas ao governo Lula, mas afirmou que é preciso lutar para abrir os arquivos da ditadura. "Vamos continuar no governo Dilma exigindo a abertura dos arquivos e o julgamento daqueles que torturaram."
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), escolhida pela presidente eleita, Dilma Rousseff, para chefiar a Secretaria de Direitos Humanos em seu governo, defendeu um grande acordo nacional para garantir o direito à memória e à verdade."Os países que instalaram comissões de memória e verdade viveram com tranquilidade esse processo", disse.
Durante a solenidade, Ana Elizabette de Faria Costa foi até o local onde Lula discursava para lhe entregar uma faixa pedindo para ser recebida por ele ou por Dilma. Em rápida entrevista, ela afirmou apenas que a família sofria problemas fundiários no Pará.