Candidata da Rede à Presidência da República no primeiro turno, a ex-ministra Marina Silva informou nesta segunda-feira (22) que dará "voto crítico" ao candidato do PT, Fernando Haddad. Após o primeiro turno, a Rede Sustentabilidade já havia recomendado aos filiados que não votassem em Jair Bolsonaro (PSL).
Ao embasar seu apoio, Marina afirmou que votará em Haddad porque este "não prega a extinção dos direitos", nem a repressão aos movimentos. "A política democrática deve estar fortemente aliançada no respeito à Constituição e às instituições, exercida em um ambiente de cultura de paz e não violência", disse.
"Outro motivo importante para a definição e declaração de meu voto é a minha consciência cristã, valor central em minha vida. Muitos parecem esquecer, mas Jesus foi severo em palavras e duro em atitudes com os que têm dificuldade de entender o mandamento máximo do amor.", completou.
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Críticas
Em texto divulgado pelas redes sociais, Marina ressaltou que a frente democrática e progressista defendida por Fernando Haddad não se mostrou capaz de inspirar uma aliança ou mesmo uma composição política. A ex-ministra destacou que alianças só são viáveis "em um ambiente de confiança em que, diante de inaceitáveis e inegáveis erros, a crítica é livre e a autocrítica é sincera."
"Mantém o jogo do faz de conta do desespero eleitoral, segue firme no universo do marketing, sem que o candidato inspire-se na gravidade do momento para virar a própria mesa, fazer uma autocrítica corajosa e tentar ser o eixo de uma alternativa democrática verdadeira", argumentou.
Por outro lado, Marina Silva criticou o projeto defendido por Jair Bolsonaro, que, segundo ela, "atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país", além de promover "a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação".
"[Há] risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas, por gerações de ambientalistas, fazendo uso de argumentos grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura", afirmou. "É melhor prevenir. Crimes de lesa-humanidade não têm como se possa reparar", completou.
Oposição democrática
Apesar de criticar os dois candidatos e assegurar que se manterá em "oposição, independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil", Marina disse que seu posicionamento é "simbólico", já que obteve votação inexpressiva no primeiro turno da eleição presidencial.
"Cada um de nós tem, em sua consciência, os valores que definem seu voto. Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la", afirmou.
"Darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos’, e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad", concluiu.
Haddad
Após a divulgação do apoio de Marina, o presidenciável Fernando Haddad usou o Twitter para agradecer à ex-adversária.
"O voto de Marina Silva me honra por tudo que ela representa e pelas causas que defende. Nossa convivência como ministros foi extremamente produtiva e até hoje compartilhamos amizades de brasileiros devotados à causa pública. Esse reencontro democrático me enche de orgulho", afirmou Haddad.