O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 19, que não vê com "bons olhos" alguém que lance suspeitas de fraude sobre a urna eletrônica. Em transmissão ao vivo no último domingo, 16, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse que as eleições de outubro podem resultar em uma "fraude" por causa da ausência do voto impresso.
Marco Aurélio Mello foi o terceiro ministro do STF a sair em defesa das urnas eletrônicas nesta semana após as declarações de Bolsonaro.
"Presidi (no TSE) as primeiras eleições com o sistema eletrônico, em 1996, e de lá para cá não tivemos uma impugnação minimamente séria quanto à apuração dos votos", afirmou Marco Aurélio. Questionado se causaria preocupação o fato de um candidato, primeiro colocado nas pesquisas, estar levantando dúvidas sobre o sistema de voto, Marco Aurélio respondeu que "deve haver um móvel (motivo) para essa colocação de dúvida".
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"O que ele receia? Se ele se apresenta na ponta, deve haver um móvel (motivo) para essa colocação de dúvida de um sistema da própria instituição do voto eletrônico", disse o ministro, que já foi presidente do TSE. "Eu não vejo com bons olhos quem o faça", acrescentou Marco Aurélio, quando indagado se lançar suspeitas sobre a urna seria uma irresponsabilidade.
Na última terça-feira, 18, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, garantiu que as urnas eletrônicas são "absolutamente confiáveis" e observou que, desde a sua implantação, em 1996, até hoje não foi comprovado nenhum caso de fraude.
"Temos 22 anos de utilização de urnas eletrônicas. Não há nenhum caso de fraude comprovado. As pessoas são livres para expressar a própria opinião, mas quando essa opinião é desconectada da realidade, nós temos que buscar os dados da realidade", frisou Rosa em conversa com jornalistas antes da sessão da Primeira Turma do STF, onde também atua.
Saci-pererê
Na última segunda-feira, 17, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, disse durante café da manhã com jornalistas que as "urnas eletrônicas são totalmente confiáveis" e que os sistemas "são abertos para auditagem, a todos os partidos políticos".
"Geralmente os que perdem a eleição reclamam. O então senador Aécio Neves perdeu a eleição (presidencial de 2014) porque não teve votos em Minas Gerais. Por que as urnas estariam dando votos pra ele em São Paulo, e não em Minas Gerais, se o sistema era o mesmo? Não tem absolutamente sentido", comentou Toffoli na ocasião.
Toffoli ainda destacou que Bolsonaro "sempre foi eleito através da urna eletrônica".
Ao ironizar as suspeitas lançadas em torno da urna, Toffoli afirmou que "tem gente que acredita em saci-pererê".