O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello negou na noite desta segunda-feira, 2, mais uma tentativa do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) de atrasar o processo instaurado contra ele no Conselho de Ética da Casa que pode cassá-lo por quebra de decoro parlamentar.
Delcídio tentava adiar a sessão marcada para esta terça-feira, em que está prevista a leitura e a votação do relatório de autoria do senador Telmário Mota (PDT-RO) sobre seu caso. O ex-petista sustenta que houve precipitação do colegiado ao definir a data, com prejuízo à sua defesa e em desrespeito às normas estabelecidas pelo regimento interno da Casa.
Outro argumento da defesa de Delcídio é que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) deveria ser suspenso do conselho por ter assinado uma moção de apoio à representação formulada contra ele. De acordo com a defesa do parlamentar, o senador da Rede exerceu "protagonismo central nas intervenções que soem ser contrárias à defesa do impetrante".
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"Devo assinalar que o Supremo Tribunal Federal, em casos assemelhados ao que ora se analisa, não tem conhecido das ações mandamentais, por entender que os atos emanados dos órgãos de direção das Casas e das Comissões do Congresso Nacional, quando praticados nos estritos limites da competência da autoridade apontada como coatora e desde que apoiados em fundamentos exclusivamente regimentais revelam-se imunes ao 'judicial review' (revisão judicial)", afirma Celso na decisão.
O ministro também considerou não haver plausibilidade jurídica na alegação feita por Delcídio sobre a presença do senador Randolfe no colegiado. O próprio Regimento Interno do Senado Federal, como se sabe, somente prevê uma única hipótese de suspeição de Senador, estabelecendo que a incompatibilidade desse integrante da Câmara Alta para votar dar-se-á "quando se tratar de assunto em que tenha interesse pessoal", justifica.
Na semana passada, o ministro do STF já havia negado um pedido de Delcídio nesse mesmo sentido. A defesa do ex-líder do governo alegava que o senador estava sofrendo cerceamento de defesa, porque ele estava de licença médica e não poderia comparecer ao Senado para prestar depoimento no colegiado.
Como os integrantes da comissão já haviam marcado quatro datas diferentes para Delcídio depor - e o senador faltou em todas - o colegiado decidiu que aquela era a última chance de ele comparecer ao Senado. Diante de mais uma ausência de Delcídio, a comissão marcou a leitura do relatório para esta terça.
O processo contra o ex-petista foi aberto depois de ele ser preso preventivamente na Operação Lava Jato, em novembro do ano passado, por tentar obstruir o andamento das investigações ao planejar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e impedi-lo de fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.