O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, negou nesta sexta-feira (11), que o PMDB esteja de saída do governo, apesar de os jornais desta sexta-feira terem noticiado que o presidente do partido, o vice Michel Temer, estaria propenso a antecipar a convenção do partido e até a deixar a base de sustentação do Planalto.
Após a cerimônia de entrega da 17ª edição nacional do Prêmio Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), no Rio de Janeiro, o ministro defendeu o diálogo como solução para o país resolver os impasses e voltar a crescer.
"O PMDB não está saindo do governo, ao contrário. O ministro Pansera [Celso Pansera, da Ciência, Tecnologia e Inovação – também presente à solenidade] é um dos ministros do PMDB e [junto] com os demais ministros do partido estão todos muito integrados no esforço da presidenta [Dilma Rousseff] de estabilizar politicamente o país e retomar o crescimento econômico."
Leia mais:
Barroso diz que país esteve perto do inimaginável, sobre plano de golpe e morte de Lula, Alckmin e Moraes
General elaborou e imprimiu no Planalto plano para matar Moraes e Lula, diz PF
Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi discutido na casa de Braga Netto, diz PF
Câmara de Mandaguari é Selo Diamante de Transparência Pública
Berzoini afirmou que, em política, é preciso respeitar opiniões divergentes. "Não vejo nenhuma iminência nesta situação [o PMBD deixando o governo], mas política é uma ciência para a gente trabalhar sempre com muita tecnologia e paciência. Temos que trabalhar sempre dialogando, sempre lembrando que os partidos são muitos e com opiniões diferentes e temos que respeitar essas opiniões.
"Evidente que num cenário como o atual, em que há uma tensão política, o melhor caminho para a gente evitar que haja prejuízo para o povo brasileiro é o dialogo, diálogo e diálogo", disse.
Sobre a judicionalização do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que está temporariamente parado no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Secretaria de Governo ressaltou que a postergação do processo não é boa para o país, porque a espera demasiada de uma definição sobre o tema cria indefinições no campo político, econômico e também junto à população.
"Agora, é evidente que o rito democrático tem que ser preservado, e nós esperamos que o Supremo [STF] tome as medidas necessárias para assegurar o cumprimento da lei e da Constituição. E ele é definido em lei, só que em 1950, e com algumas omissões. Evidentemente que um acordo no Parlamento seria mais fácil, mas me parece que houve uma tentativa na última terça de se fazer um rito voltado para alguns interesses específicos. E o PCdoB foi ao Supremo, que decidiu suspender as atividades sobre o tema, e fazer uma sessão para deliberar sobre o assunto. Agora, qual o grau de detalhamento que haverá, só a sessão dirá."
No entendimento de Berzoini, houve uma inovação "totalmente antagônica" daquilo que prevê o espírito da lei e da Constituição. "Porque os partidos representam os eleitores, e quando você permite que dissidências dos partidos prevaleçam sobre a maioria, evidentemente que você cria um ambiente de distorção democrática, e nós queremos evitar exatamente isto. Queremos que haja a decisão, mas, de acordo com lei, com a Constituição e com o espírito democrático que deve prevalecer neste debate."
Para o ministro, no entanto, não há nenhuma razão para que o STF não tome uma decisão já na próxima quarta-feira (16). "E, tomando a decisão, pode haver uma convocação extraordinária [do Congresso Nacional], uma auto-convocação. E em janeiro, após o Natal e Ano Novo, pode-se processar o debate democrático e a decisão sobre a matéria. O governo quer que o assunto seja definido o mais rapidamente para evitar as indefinições na economia e na política do país", afirmou.