Após a delação do auditor da Receita Estadual de Londrina Luiz Antonio de Souza, que já chega a 40 horas de depoimentos, somadas às 3 horas em que permaneceu na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na tarde de ontem, o Ministério Público (MP) deve acrescentar fatos e réus à denúncia protocolada em março, que já envolve 62 pessoas – incluindo 15 auditores, além de empresários, contadores e "laranjas" – acusadas de integrarem organização criminosa para arrecadar propina de empresas que sonegavam tributos estaduais.
Com as declarações de Souza, que teria envolvido mais cem pessoas e empresas – e pelo menos 30 auditores, segundo o advogado do auditor, Eduardo Duarte Ferreira – é necessário que os nomes dos suspeitos que supostamente fizeram parte da quadrilha sejam incluídos como réus. É o que se chama de aditamento da denúncia. A ação penal tramita na 3ª Vara Criminal de Londrina.
"Existem fatos (revelados pelo auditor) que serão objeto de aditamento e fatos que serão objeto de nova denúncia", explicou a promotora de Defesa do Patrimônio Público, Leila Schimiti. "Estamos trabalhando contra o tempo e queremos fechar, pelo menos, parte dessas informações o mais breve possível, mas não há um prazo predeterminado para esta medida de aditamento."
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Entre as revelações do auditor, está o fato de que o empresário Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB) e que tinha presença constante no Palácio do Iguaçu, seria também uma pessoa cujas ordens eram cumpridas à risca por auditores, conforme declarou o advogado de Souza. Seu principal contato no órgão, também segundo Ferreira, seria o auditor Márcio de Albuquerque Lima, apontado pelo Gaeco como líder da organização criminosa.
NOVO DEPOIMENTO
Ontem à tarde, Luiz Antonio de Souza prestou depoimento por cerca de três horas à promotora Leila Voltarelli e suas idas ao Gaeco – ele está preso desde fevereiro, quando foi flagrado em um motel com uma adolescente e responde também por exploração sexual de menores – devem continuar.
"Ele está especificando tudo o que já relatou aos promotores, detalhando cada situação ilícita", afirmou o advogado. "Acredito que isso ocorrerá diversas vezes, o que é natural numa delação tao vultosa, tão grandiosa, que envolve tantos detalhes."
Leila afirmou que, paralelamente, aos depoimentos de Souza o Gaeco tem realizado "inúmeras diligências, coletado depoimentos e documentos não só para corroborar situações já levantadas, mas as várias novas informações que estão surgindo".