O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, voltou a dizer nesta quinta-feira, 10, no Maranhão, que o grupo político do senador José Sarney (PMDB) será oposição num eventual governo seu e da candidata a vice-presidente Marina Silva. Campos disse ainda que seus dois principais adversários nas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB), pretendem manter esse grupo no governo.
"Quem quiser prestar uma homenagem ao Sarney vota na Dilma, quem quiser continuar com Sarney no governo pode votar também do Aécio. Todo mundo sabe que esse PMDB está com o pé em duas canoas. A única canoa em que ele não bota o pé é a nossa porque a nossa canoa é da renovação política", disse a jornalistas em São Luís, ressaltando ser ele o primeiro candidato "em 50 anos" a se posicionar dessa forma no Brasil.
Sobre o palanque duplo no Estado - os candidatos ao governo maranhense Flávio Dino (PCdoB) e Zé Luís Lago (PPL) -, Campos evitou se posicionar e não respondeu em quem votaria se fosse eleitor maranhense. O pessebista reforçou apenas que o Estado vive um ciclo de mudança, com a saída do grupo de poder de Sarney, e que por isso tem um valor simbólico para sua campanha e de Marina. "Estamos aqui em sinal de respeito à luta da oposição no Maranhão", disse explicando porque a campanha dos dois no Nordeste se iniciava ali.
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Depois de fazer o primeiro ato de campanha no domingo ao lado de Marina na comunidade do Sol Nascente, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, Campos partiu para o Nordeste. Na quarta-feira, 9, iria para Fortaleza, mas desistiu após a derrota acachapante de 7 a 1 da seleção brasileira para a Alemanha na terça, 8. Hoje seguiu então para o Maranhão e, amanhã, vai para o Rio Grande do Norte.
Campos destacou que a presidente Dilma teve votações expressivas no Norte e no Nordeste, regiões de onde vêm Marina e ele, respectivamente, mas que cresce nos Estados dessas regiões o desejo por mudança. Segundo Campos, o Norte e Nordeste não receberam a atenção que esperavam, a economia desacelerou e municípios quebraram por causa das políticas federais de desoneração fiscal.
Proximidade com Aécio
Questionado sobre as declarações de Aécio Neves, simpáticas à sua pessoa, Campos afirmou haver diferenças políticas entre ele e o senador tucano. "Desde 1984, nas Diretas-Já, que eu e Aécio não compartilhamos o mesmo projeto nacional", disse, e apontou que Aécio foi da base de apoio de José Sarney (PMDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando ele foi oposição, enquanto ele e Marina fizeram parte do governo Lula enquanto Aécio fez oposição.
Apesar de marcar as diferenças políticas, Campos afirmou ter capacidade de diálogo com pessoas que pensam de forma diferente da dele. O pessebista repetiu o mantra de sua pré-campanha de que o País está cansado da polarização entre PT e PSDB e que, se eleito, fará uma composição de quadros competentes para governar o Brasil.
Críticas do Romário à CBF
Sobre as críticas do jogador e senador pelo PSB, Romário, à CBF, reforçadas depois da derrota do Brasil para a Alemanha, Campos evitou polêmicas e disse que o debate em torno da renovação nas federações de futebol "não é novo". "Muitas pessoas torcem pela renovação das federações no futebol e em outras modalidades", disse.
"A CBF é sem dúvida um exemplo disso", disse Campos em relação a entidades do esporte que as pessoas esperam ver renovadas. Mas evitou entrar mais detalhadamente no assunto, alegando que seu correligionário Romário tem mais autoridade para tratar do tema. "Ele tem autoridade como atleta campeão do mundo, como parlamentar que se dedica a esse assunto, tem liberdade para expressar sua opinião."