O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), avaliou na sexta-feira (6) como "séria e frágil" a situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação às suspeitas da Operação Lava Jato sobre a existência de contas não declaradas do deputado na Suíça. O senador lembrou que seu partido não votou em Cunha para a presidência da Casa, mas no deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
"A partir do momento em que surgem as denúncias, nossa bancada tem que votar com as provas, e as provas são contundentes contra Cunha", afirmou em entrevista concedida a Rádio Metrópole, em Salvador (BA), onde participou de evento promovido pelo Instituto Teotônio Vilela. Aécio disse que o PSDB votará contra Cunha numa possível votação pela cassação do mandato.
Indagado sobre a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que não teme ser preso na Lava Jato, o senador afirmou que não torce pelo "infortúnio de ninguém". "O Brasil tem instituições fortes, tem Justiça e, se houver denúncias, ele tem que responder por elas. Quero ganhar do PT na política, nos argumentos e nas propostas e não na Justiça."
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Candidato derrotada na campanha presidencial de 2014, Aécio declarou que "não pode haver precipitação" quando questionado se disputará em 2018. "O tempo dirá os caminhos que tomaremos. Nós nos reconciliamos com os setores da sociedade, os mais jovens, somos os preferidos dos mais jovens para filiações, readquirimos a confiança. O candidato do PSDB será o que reunir melhores condições de unir as forças oposicionistas para enfrentar o PT."
Carne enlatada
Lideranças da oposição e de partidos governistas avaliaram, reservadamente, que a defesa que o presidente da Câmara pretende apresentar ao Conselho de Ética da Casa e ao Supremo Tribunal Federal é "inconsistente" e "absolutamente frágil". Para parlamentares ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, sob condição de anonimato, os argumentos antecipados pelo peemedebista "não convencem".
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo ontem (06), Cunha deve afirmar ao Conselho que desconhecia a origem de depósitos a seu favor, em fundo da Suíça, e que todo o dinheiro que tem fora do País é fruto da venda de carne enlatada para África e de operações no mercado financeiro. Ele é acusado de ter contas secretas no país europeu, por meio das quais teria recebido propina de desvios de contratos na Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.