O Paraná foi escolhido pelo governo federal para ser o pólo Antidrogas no Mercosul. A informação é da presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), Anita Zippin, coordenadora da II Semana Nacional Antidrogas, que ocorre a partir de hoje, em Curitiba. Ela ressaltou que todas essas atividades são fruto de trabalho do Conen e reclama do tratamento de algumas áreas do governo estadual.
O objetivo da Semana, aberta ao público em geral e com atividades até sexta feira a partir das 14 horas no auditório da Biblioteca Pública do Paraná e na Praça Rui Barbosa, é debater questões preventivas ao uso de entorpecentes. Estão programadas palestras de psicólogos, policiais, médicos e pessoas ligadas a entidades sociais. Também estão programadas peças de teatro e apresentações musicais, que vão ser feitas na Rua da Cidadania da Praça Rui Barbosa.
Durante as atividades do encontro, será apresentado oficialmente o "Profissional Cidadão", programa do Conen em que trabalhadores liberais se reúnem uma vez por semana para definirem medidas de prevenção contra as drogas. O conselho possui outros projetos semelhantes, como o "Jovem Cidadão" e o "Pai Cidadão". Segundo Anita, dentro de alguns dias deve ser firmado um convênio com a Faculdade Espírita para abertura de cursos de pós-graduação à distância, para atingir educadores de 140 municípios do Paraná.
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Dificuldades
De acordo com Anita, a escolha do governo federal para tornar o Paraná um pólo de luta contra as drogas, se deve ao trabalho do Conen desde novembro de 2000. Segundo ela, atualmente o conselho passa por muitas dificuldades. "Foi me dito por uma autoridade estadual que "drogado não vota", e por isso não há muito interesse em colaborar nessa área", contou, sem revelar nomes.
A presidente do Conen disse que conseguiu juntar provas contra várias pessoas (das quais ela disse que não poderia revelar detalhes), que agora são alvo de investigação da Polícia Federal. Ela afirmou que já recebeu várias ameaças. "Eu pago por segurança pessoal 24 horas por dia, e meus telefones estão todos grampeados", disse. Segundo Anita, ela não se importa muito com essa situação. "Não tenho nada o que esconder", assegurou. Ela disse que sabia com o que teria que lidar quando entrou no Conen. "Somos hoje o Davi, lutando contra o Golias, que são os traficantes e seus mandatários", analisou.
O Conen atende diariamente cerca de 40 pessoas e tem cinco funcionários. A função do conselho é trabalhar na prevenção, e segundo Anita, quando alguém necessita de tratamento, por exemplo, é encaminhado para entidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pela Fundação de Ação Social (FAS). "Não somos agenciadores de clínicas particulares", disse.
Segundo ela, os principais focos de uso de droga no Estado são Foz do Iguaçu, Curitiba e Região Metropolitana e cidades próximas à divisa com São Paulo. "O problema de drogas no Paraná é muito grave", disse. Ela explicou que como o Conen trabalha basicamente com prevenção, não tem dados sobre o uso de drogas.
Pólo
Ainda não foi assinado oficialmente o convênio que torna o Paraná o pólo no Mercosul para o combate às drogas, mas segundo Anita, isso deve ser feito em breve. Com isso, ela explicou, o Estado receberá recursos que devem ser gastos em projetos específicos para o Conen. Segundo Anita, o dinheiro será proveniente de leilões de carros e imóveis apreendidos pela Polícia Federal. O governo estadual deve criar um fundo para receber a verba.