Ana Júlia Ribeiro (PT), de 22 anos, é a deputada mais jovem da história a ocupar uma vaga na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná. Ela está entre os quatro vereadores da Câmara Municipal de Curitiba que conquistaram os novos cargos de um total de 17 que disputaram as eleições pela capital paranaense.
A presença dela na política institucional vem acompanhada de uma bagagem histórica de ativismo e coletividade, e representa uma maior consciência social entre os paranaenses. Os votos que ela conquistou em todo o Estado são uma demonstração do quanto e como a população deseja ser representada politicamente.
As bandeiras defendidas por Ribeiro surgiram de uma inquietação em fazer valer os direitos dos jovens cidadãos.
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A indignação com a reforma do ensino médio e o corte de investimentos na educação foi o que a levaram a ingressar na política. Ela foi uma das líderes do movimento de ocupação de escolas, que envolveu mais de 20 estados em 2016. Ela fala à FOLHA sobre o resultado das urnas e a expectativa para ocupar o novo cargo.
De volta à Assembleia Legislativa
Ana Júlia Ribeiro tinha apenas 16 anos quando seu nome passou a ser conhecido. Além de liderar o movimento estudantil nacional que ocupou escolas em mais de 20 estados brasileiros, ela participou de uma sessão na AL para protestar contra a reforma no ensino médio. Sua voz ecoou quando, ao falar sobre a morte de um jovem durante uma ocupação, se dirigiu aos deputados estaduais dizendo que estavam com as “mãos sujas com sangue”.
“Fui movida pela indignação pelo o que estávamos vivendo naquela época. Pela indignação com a reforma do ensino médio, que limita o acesso à educação e vem enrustido com discurso de inovador. É uma verdadeira tragédia porque corta recursos, não tem projeto pedagógico correto. A reforma visa única e exclusivamente encaminhar o jovem para o mercado de trabalho precarizado, não visa nenhuma formação profissional decente”, ressalta.
Agora, Ana Júlia voltará à AL como deputada estadual eleita para defender as pautas de educação. Com 51.845 votos, ela foi a 5ª mais votada do partido, que garantiu outras seis cadeiras na Casa. “O movimento de 2016 foi muito importante para mim. Eu percebi que gosto de política e queria continuar trabalhando com isso. Em um primeiro momento, a ideia era me envolver mais no sentido de dialogar, disseminar ideias sobre o que foge dos interesses da população na área da educação. Era mais um movimento de consciência social. No final de 2019 e início de 2020, passei a firmar essa ideia para trabalhar no coletivo”, conta a estudante de Direito e Filosofia.
A jovem concorreu ao cargo de vereadora em Curitiba nas eleições de 2020 e recebeu 4.538 votos, ficando na suplência do PT. Em agosto deste ano, assumiu a cadeira vaga com a cassação do mandato de Renato de Freitas (PT).