O líder da oposição na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Elton Welter (PT), disse ontem ter sofrido ameaça para votar em Fábio Camargo na eleição ao Tribunal de Contas (TC) do Estado. Foi a primeira vez que um deputado da Casa admitiu a existência de tráfico de influência no processo de escolha dos conselheiros do órgão, objeto de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
"Sim, houve essa pressão. Infelizmente o bastidor do poder é de uma obscuridade lamentável. A sociedade não quer isso. Acho que todos os poderes da República precisam fazer uma reflexão para melhorar a sua transparência. Existe muita dissimulação, muito apelo. Enquanto tivermos banqueiros e grandes empresários financiando bancadas, elegendo bancadas, nós não vamos ter um parlamento justo e representativo", afirmou.
Welter não detalhou, porém, como foi o suposto processo de intimidação, nem quis citar nomes. Segundo o parlamentar, como as "conversas de bastidores" não foram gravadas, ele não teria como comprovar que de fato aconteceram.
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"Se o deputado assume isso, deveria tornar público e dar os nomes daqueles que o pressionaram. Eu não conheço; pelo menos de minha parte, votei com consciência e sem nenhuma pressão de lugar algum", rebateu o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB).
A suspeita de que o desembargador afastado Clayton Camargo interferiu no processo é investigada pelo CNJ. Ele é pai de Fábio e à época presidente do Tribunal de Justiça (TJ) paranaense. Ao CNJ, o Ministério Público Federal (MPF) citou a coincidência da aprovação do repasse de 30% dos depósitos judiciais de natureza não tributária no Órgão Especial do TJ no mesmo dia em que Fábio tomou posse no TC.
Na semana passada, com base nas investigações, a Procuradoria Geral da República (PGR) encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido de afastamento do conselheiro do TC, que é analisado pela ministra Eliana Calmon. A reportagem tentou contato com Camargo, mas o ex-deputado não retornou às ligações até o fechamento desta edição.