A bancada estadual do PMDB cumpriu a ameaça e protocolou pedido de impeachment do governador Jaime Lerner (PFL), na Assembléia Legislativa. A denúncia recebeu o número 5042 no setor de protocolo e está assinada pelo senador Roberto Requião, presidente do partido no Paraná e candidato à sucessão estadual em 2002.
Com o objetivo de processar Lerner por crime de responsabilidade, Requião embasou o pedido nas denúncias de escutas telefônicas ilegais. Gerson Guelmann, secretário chefe de gabinete do governador, admitiu a jornalistas que, na campanha de 1998, jornais do PMDB foram apreendidos graças a um grampo. Guelmann disse, no entanto, que recebeu a fita de "um desconhecido".
Requião sustenta que o partido foi gravemente prejudicado pela "arapongagem" e reclama que, além dos comitês eleitorais, seu telefone residencial em Curitiba foi grampeado.
Leia mais:
Um sucesso, diz médico de Lula sobre procedimento na cabeça para evitar novos sangramentos
Alep adiciona oito mil sugestões populares ao orçamento do Paraná
Previsto no Lote 4, Contorno Leste deve ficar para depois de 2030
CCJ da Câmara dos Deputados aprova impressão e recontagem de votos
No último dia 4, Requião provocou o adversário político. "O senhor Jaime Lerner tem dez dias para refletir e limpar as gavetas. Senão pedimos o impedimento dele", cutucou o senador.
Nereu Moura, líder do PMDB na Assembléia Legislativa, acredita que a escuta ilegal fez com que o partido perdesse a chance de chegar ao Palácio Iguaçu, em 98. "O Lerner fez 52% dos votos e o Requião 46%. É uma margem pequena e os grampos tiveram impacto no resultado", reclamou.
Moura disse que o Estado está "ingovernável", tanto financeira quanto politicamente. "O Lerner não tem mais condições de chefiar o Executivo. O Paraná está literalmente sem rumo e o pior é que ainda falta um ano e meio de governo. Se não tirarmos ele agora, será uma tragédia para o povo paranaense".
O pedido obedecerá ao trâmite previsto no Regimento Interno. Deve ser encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - presidida por um antigo aliado ao governo, o pefelista Basílio Zanusso. A Assembléia tem que conceder prazo para o governador apresentar defesa e, posteriormente, o impeachment terá que passar pelo crivo dos 54 deputados. A maioria dos deputados é governista.
O líder do PMDB invocou outros motivos para sustentar a cassação do mandato de Lerner, como o aumento da dívida do Estado (que teria saltado de R$ 1,4 bilhão em janeiro de 1995 para cerca de R$ 15 bilhões hoje, apesar da Secretaria da Fazenda divulgar que a cifra é de R$ 7,5 bilhões), os gastos com os Jogos Mundiais da Natureza, a privatização do Banestado.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste sábado