As prestações de contas de campanha referentes ao primeiro turno das Eleições 2010 indicam, até o momento, despesa total de R$ 2,77 bilhões, o que corresponde a um gasto médio de R$ 20,41 por eleitor. Isso sem contar os candidatos que concorreram no segundo turno à Presidência da República e ao governo de oito estados e do Distrito Federal. Esses têm até esta terça-feira, dia 30, para prestar contas à Justiça Eleitoral.
O maior custo em valores absolutos foi dos candidatos de São Paulo, estado que concentra 22,31% do eleitorado nacional. As contas prestadas por 2.552 candidatos paulistas somaram R$ 482,04 milhões. São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, com 30.301.398 votantes, o que representa um custo médio de R$ 15,91 por eleitor.
Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais está logo abaixo de São Paulo no ranking de gastos com campanha. Para conquistar os votos dos 14.522.090 eleitores do estado, os 1.365 candidatos que prestaram contas revelaram despesa total de R$ 336,65 milhões. Na média, R$ 23,18 por eleitor. E o Rio de Janeiro, terceiro colégio do Brasil, teve também a terceira posição nesse quesito, com 1.911 candidatos que declararam ter gasto R$ 211,62 milhões para tentar conquistar o voto dos 11.589.763 eleitores fluminenses. A média foi de R$ 18,26 por eleitor.
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Em nenhum desses três estados houve necessidade de realização de segundo turno para governador.
Menores gastos
Os dois estados que apresentaram menores gastos de campanha ficam na região Norte do país. No Amapá, 237 candidatos prestaram contas revelando gastos de R$ R$ 12,13 milhões. O estado tem 420.799 eleitores. Mas esses números devem crescer, uma vez que a eleição para governador foi decidida apenas no segundo turno. Com isso, os dois candidatos que disputaram a chefia de executivo estadual devem prestar contas até o próximo dia 30.
O segundo estado com menor despesa foi o Acre: R$ 15,2 milhões gastos por 315 candidatos. O estado tinha 470.975 eleitores aptos.
Gasto por eleitor
Proporcionalmente ao número de eleitores, contudo, o recorde de gastos foi em Roraima, estado com 271.890 pessoas inscritas no cadastro eleitoral. Os 413 candidatos que prestaram contas em Roraima declararam custos de R$ 26,18 milhões. A média por eleitor ficou em R$ 96,30. Os valores finais serão ainda maiores, uma vez que os dois candidatos a governador que concorreram no segundo turno ainda não apresentaram suas prestações de contas à Justiça Eleitoral.
Os concorrentes de Tocantins e Mato Grosso ficaram em segundo e terceiro lugar em despesa proporcional ao eleitor, pois apresentaram gastos médios por eleitor da ordem de R$ 54,09 e R$ 54,04, respectivamente. Tocantins tem 948.920 eleitores, e os 229 candidatos tocantinenses que prestaram contas declararam despesas de R$ 51,33 milhões. Já em Mato Grosso, que tem 2.095.825 eleitores, os 332 candidatos informaram ter gasto R$ 113,25 milhões. Nesses estados, a eleição foi decidida em primeiro turno para todos os cargos.
Nesse quesito, Paraíba e Pará foram os estados onde o valor dos gastos por eleitor foi mais baixo em todo o país. Na Paraíba, para conquistar os votos dos 2.740.079 eleitores, os 327 candidatos que prestaram contas à Justiça declararam gastos de R$ R$ 26,15, uma média de R$ 9,54 por eleitor. E no Pará, 658 candidatos revelaram gastos de R$ R$ 52,28 milhões, média de R$ 10,96 por votante, uma vez que o eleitorado paraense conta com 4.768.457 inscritos.
Deputados
As disputas para os cargos de deputado federal e deputado estadual/distrital foram as que mais despenderam recursos em valores absolutos. Em todo o Brasil, as eleições para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Legislativas, de acordo com os dados prestados pelos próprios candidatos, resultaram em gastos da ordem de R$ 1,83 bilhão, ou 66,13% do total de R$ 2,77 bilhões gastos por todos os candidatos que disputaram o primeiro turno.
Para tentar uma das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, 4.658 candidatos em todo país declararam à Justiça Eleitoral gastos que somaram R$ 908,20 milhões. A despesa média foi de R$ 194,98 mil por candidato e de R$ R$ 6,70 por eleitor. Goiás foi o estado que teve a maior despesa média por candidato – R$ 488,27 mil, resultado dos gastos de R$ R$ 55,17 milhões feitos pelos 113 candidatos que prestaram contas. No cálculo por eleitor, Roraima teve a eleição mais cara para deputado federal: foram gastos, em média, R$ 48,26 por eleitor.
As menores despesas médias por eleitor nas eleições para deputado federal deste ano ocorreram no Ceará, onde 114 candidatos informaram despesa de R$ 20,20 milhões para tentar conquistar o voto de 5.881.584 eleitores, uma média de R$ 3,43. Por candidato, o Amapá revelou gastos médios de R$ 65,58 mil, a menor do país.
Já para os 1.059 cargos de deputado estadual/distrital, 11,63 mil candidatos em todo o Brasil informaram gastos de R$ 924,80milhões. Na média por candidato, a despesa foi de R$ 79,53 mil. Por eleitor, R$ R$ 6,82.
Roraima teve o maior custo médio por eleitor na disputa para a Assembleia Legislativa: de acordo com dados apresentados pelos candidatos, foram gastos R$ 32,27 por votante. A menor média foi registrada na Paraíba: R$ 3,52.
O estado de Mato Grosso teve a eleição com maior média de gasto por candidato a deputado estadual: R$ 150,57 mil. A menor média por candidato a esse cargo foi em Roraima: R$ R$ 25,28.
Governos estaduais
As disputas para os governos estaduais foram as que apresentaram maiores médias de gastos por candidato. 141 pretendentes revelaram, até o momento, despesas de R$ 560,52 milhões, o que significa uma média de R$ 3,98 milhões por candidato. Esses dados também devem sofrer alterações com as prestações de contas dos candidatos que disputaram segundo turno.
No cálculo por eleitor, o pleito para as chefias dos poderes executivos estaduais custou em média, até o momento, R$ 4,13.
Senado
Para o Senado, 248 candidatos prestaram contas, informando a realização de despesas de R$ 353,46 milhões, média de R$ 1,43 milhão por candidato. Para a chamada Câmara Alta, a eleição em todo Brasil custou, em média, R$ 2,61 por eleitor.
Os dez candidatos ao Senado pelo Rio de Janeiro que prestaram contas revelaram gastos de R$ 31,58 milhões, uma média de R$ 3,16 milhões por candidato, a mais alta do Brasil. Os 5 concorrentes ao Senado pelo Acre, por outro lado, revelaram gastos de R$ 523,98 mil, o que dá uma média de R$ 104,80 mil, a menor de todos os estados.
Com média de R$ 13,57 por eleitor, Roraima apresentou a eleição mais cara do país nesse quesito. E no maior estado da federação em número de eleitores, São Paulo, 12 candidatos informaram despesas de R$ 27,25 milhões, levando ao menor custo médio por eleitor de todo país: R$ 0,90.
Dados
As informações utilizadas no levantamento dizem respeito apenas aos candidatos que prestaram contas à Justiça Eleitoral. Não estão incluídas despesas de comitês financeiros e partidos políticos ou ainda dos candidatos que estão omissos em relação a esse dever. A pesquisa inclui, ainda, informações de candidatos a vice-governador e a suplente de senador que apresentaram as contas de campanha. Até o momento, o sistema mostra que 16,7 mil candidatos prestaram contas referentes ao primeiro turno.
Os R$ 2,77 bilhões citados no início dessa matéria incluem ainda os gastos informados pelos sete candidatos a presidente da República e respectivos vices que não participaram do segundo turno, no montante de R$ 24,44 milhões.
Na parte relativa ao eleitorado, não fazem parte dessas estatísticas os 200.392 brasileiros inscritos para votar no exterior.
De acordo com o calendário eleitoral, os candidatos a presidente da República e aos governos dos estados de Alagoas, Amapá, Goiás, Pará, Paraíba, Piauí, Rondônia, Roraima e do Distrito Federal que disputaram o segundo turno das eleições 2010 devem prestar contas até o dia 30 de novembro.
Todas as informações sobre as despesas realizadas no primeiro turno da eleição de 2010 utilizadas nesse levantamento são de responsabilidade dos candidatos.