O PR marcou para terça-feira (20) uma reunião em Brasília com presidentes regionais da sigla para discutir a abertura de conversas em todo o País com partidos que estão fora do arco de alianças do PT. Em São Paulo, as executivas estadual e municipal do partido aprovaram anteontem a abertura de negociações com as pré-candidaturas de José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB).
O presidente nacional da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM), não aceita a posição do Planalto, que se recusa a devolver o Ministério dos Transportes ao PR. Por isso, ele queria decidir anteontem mesmo pelo abandono do barco petista em bases nacionais, mas a ausência de alguns líderes em uma reunião o fizeram adiar a decisão para a semana que vem.
Um dirigente do PR afirmou ao Estado que a tendência da sigla é estender o rompimento com o PT para todo o País, e não apenas na base federal. Porém, as peculiaridades regionais serão levadas em conta na eleição.
Leia mais:
Deputados garantem ter emenda do governo federal para obra do Teatro Municipal de Londrina
Moraes diz que 8/1 demonstrou falência de autorregulação das plataformas
STF marca julgamento de ação de Bolsonaro para tirar trama golpista da relatoria de Moraes
Vereadores de Londrina rejeitam projeto de lei que autorizava troca de imóveis para sede da Codel e Ippul
A direção nacional do partido prega a saída da base aliada ao governo federal e o rompimento com o petismo, posição mais contundente entre os senadores, que anunciaram na semana passada que não votarão mais com o governo no Congresso.
Os dirigentes, no entanto, convocaram os presidentes estaduais da legenda para avaliar as consequências que o movimento traria para o PR no âmbito regional, e, eventualmente, criar exceções para a medida nos casos em que os prejuízos da ruptura forem muito grandes.
Membros do partido fustigam o governo nos bastidores e afirmam que receberam tratamento inferior a outras siglas nas substituições que a presidente Dilma Rousseff fez no ministério. Segundo os dirigentes do PR, o PMDB foi atendido quando houve substituição na Agricultura, e o PP quando a troca ocorreu na pasta das Cidades.
São Paulo
As executivas estadual e municipal do PR em São Paulo, que acertavam detalhes para ingressar na campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura, decidiram anteontem abrir negociações para apoiar outros partidos na eleição paulistana de 2012. A decisão é consequência direta do racha entre a direção nacional e o governo federal, e dificulta ainda mais a vida de Haddad na busca por alianças.
Entre os apoios que o PT esperava ter das siglas que integram a base de Dilma, o do PR era aquele que os integrantes da pré-campanha de Haddad mais davam como certo até o recrudescimento da crise que culminou nas ameaças de dirigentes nacionais da legenda de migrar para a oposição.
Conforme os líderes do PR em São Paulo, o embarque da sigla na candidatura de Haddad estava "99% fechado", mas houve um retrocesso nas conversas. Há semanas petistas da capital comentam que, embora seus próprios interlocutores no PR não admitissem, eles sabiam que o anúncio de um apoio estava condicionado ao atendimento dos pedidos ministeriais da sigla por parte de Dilma.
O partido não considera a hipótese de candidatura própria a prefeito de São Paulo, embora tenha trazido à tona a possibilidade de lançar o deputado Tiririca, o mais votado do País nas eleições de 2010.
Em privado, admitem que a ideia surgiu apenas para pressionar o governo federal a atender às demandas da legenda.
Assim, o PR é a terceira sigla tradicionalmente aliada ao PT em São Paulo a cogitar abraçar outras candidaturas. Parte do PSB que ir com Serra, e o PC do B avalia caminhar com Chalita.